A natureza insensível
Em algumas horas ou segundos e a trajetória da vida de seres nossos semelhantes muda radicalmente...
Aos que sucumbiram diante da força da natureza nada mais resta... O que fica é a dor dos que sobreviveram à tragédia...
A natureza, essa mesma mãe natureza, insensível, vai fazendo seu papel... não pensa como os humanos, aliás, esses mesmos seres humanos a desafiam a cada dia... mas, para ela, a natureza, nada é catástrofe e sim, parte de um trabalho lento e incansável, sem tempo determinado para conclusão...
Ela se manifesta de formas incompreensíveis aos humanos: terremotos, maremotos, avalanches, deslizamentos, tsunamis, inundações, tempestades, ciclones, furacões, vulcões, etc... etc... Forças descomunais, energias inimagináveis liberadas...
Vingança da natureza? Certamente que não, apenas manifestação do seu trabalho, que não tem prazo de conclusão, afinal, o tempo em medidas, também nós é que inventamos, para ela, a Mãe natureza, não existe essa preocupação com o tempo... Ela é absoluta, poderosa, senhora dos tempos e ventos... Nós... Simples joguetes, como uma folha caída e levada pelo regato, por caminhos cheios de cascatas, remansos e turbulências, até chegar ao mar... Aí sim, encontramos já mortos mais um imenso e poderoso oceano a nos desafiar... Nós, que pensamos ser dominantes e donos dessa imensa Mãe Natureza, que apenas segue seu rumo, sequer preocupada com o que somos, que poder temos ou o que fazemos aqui, com tanta inteligência, mas não sabemos impedir o destino de tudo e de todos...
Assim, prostrados, rendidos, choramos... Apenas choramos, diante de tanto poder...
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" ... Mas eu Senhor, que torvo crime cometi jamais, que me oprime assim teu gládio vingador..." (Castro Alves - Vozes D´África)
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Por ocasião da tragédia que assolou a região serrana do Estado do Rio de Janeiro - 15/Janeiro/2011 - Cenas que se repetem...
Marco Antonio Pereira
15/01/2011
Originalmente publicado com o título "A força da natureza", porém, já existiam muitos textos com esse nome, assim, para ser mais original, alterei-o para "A natureza insensível", em 17/01/2011, já que pesquisado, não foi encontrado no Recanto esse título.
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"Fico emocionado, porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".
Claude Levi-Strauss, aos 97 anos