Cuidado com o que diz... Eu quero paz.
O som insistente do aparelho móvel me lembra constante e sonoramente que a bateria deve ser recarregada. Eu precisava de um aviso sonoro que me avisasse o momento de reabastecer minhas palavras. Não consigo escrever uma linha sequer, como escrevia há um mês, com a paixão e a vontade que fazia há um mês...
Um mês... Pensando em quantidade é muito pouco tempo.
Os advérbios de intensidade não deveriam ser usados, tornam a frase ambígua. Ou é muito, ou é pouco... O tempo.
O tempo nunca é o bastante. Não foi o bastante pra você ficar e não será o bastante pra eu te esquecer... Passe o tempo que passar, sempre me lembrarei de você.
Engraçado como a morte é traumática. Deveria ser apenas uma passagem, um modo diferente de enxergar a vida... A morte... Pode ser um amigo, um pássaro, um gato de estimação, ela sempre gera danos irreparáveis, e minhas palavras morreram e se decompõem em frente os meus olhos e aos olhos dos que me leem, como se decompuseram os corpos que enterrei e como há de se decompor o meu quando eu me for.
Palavras... O que são além de palavras? Sejam ditas, escritas, lidas... São apenas palavras. E passam. Nem sempre fazem sentido ou causam impacto. Não são o início, tampouco o fim de nada, não causam desastres, não provocam guerra e não promovem a paz.
O que rege a humanidade não são as palavras, são as ações.
Um livro não se faz somente de palavras, é necessária a ação de escrevê-lo, de imaginá-lo de compor suas linhas.
O amor não começa pelo "eu te amo". Começa com a ação de demonstrar carinho, com os beijos, com os toques, as carícias... Ações.
As guerras não surgem de palavras de ódio trocadas. É a ação do primeiro disparo, o primeiro soco, a primeira ofensa... As ações geram o ódio que leva à guerra.
Um rompimento, não é apenas dito, ou escrito, antes disso existe a ação de ausentar-se.
Enfim, o amor morre, o ódio morre, as guerras morrem, o rompimento morre... As palavras morrem... Basta que as ações que os geram morram. E elas sempre morrem.