ENVELHECER OU AMADURECER
Acabo de ler que o Brasil é o terceiro país que mais consome produtos de beleza, perdendo somente para os EUA e o Japão.
Nem é preciso lembrar que o culto ao corpo a aparência, por aqui, é imenso.
Li a algum tempo um livro da antropóloga Miriam Goldenberg, em que ela traça um paralelo entre as mulheres brasileiras e as alemãs.
É de espantar, a diferença encontrada e descrita pela escritora, entre ambas. As brasileiras entrevistadas por ela, focam na aparência um interesse muito grande, e na decadência do corpo, uma grande preocupação, junto com os homens são o foco de sua maior atenção.
Já segundo ela, a alemã, não está preocupada com o corpo, e a aparência, focam na realização profissional, com o respeito que sentem por sua inteligência, e estão ligadas a qualidade de vida que conquistam. Não se sentem velhas, mas sim maduras, seguras, confiantes.
Não aparentam medo da solidão e a liberdade é algo extremamente valorizado por elas.
Diz a escritora: - "As alemãs, acham uma falta de dignidade uma mulher querer ser mais jovem do que é."
Achei a leitura muito interessante, pois, foge ao padrão que aqui encontramos. No Brasil, o culto ao exterior extrapola, vejo em conversas em rodas de amigas, a admiração que sentem ao verem uma artista com mais de 60 anos, aparentar 45 anos ou até menos, parece que com isso, ela conquistou algo super importante e cobiçado.
Sempre achei estranho essa busca desenfreada, pelo rosto sem marcas, pelo corpo sem mudanças.
Tenho ouvido muito a pergunta: "como você está se sentindo chegando pertinho dos 60 anos ?"
E, eu sempre respondo: que nunca paro para pensar sobre isso.
A mim, o calendário não causa arrepios, ao contrário, tento usá-lo a meu favor, pois, através dos anos fui fazendo de mim, o que hoje sou.
E se houver possibilidade de adentrar aos 60, que venham também os 70, 80 e quem sabe até os 90 anos.
Não me assustam os vincos do rosto, rastros deixados pelas emoções bem vividas. Aliás, posso parecer um ET, mas acho lindo um rosto que conta história, através de suas marcas. Nem o corpo que teima em ter formas diferentes, mais arredondadas. Sobre isso penso: o planeta terra é redondo, e é tão bonito. Pode se ver beleza em tudo, é uma questão de como olhar.
Gosto do que vejo ao olhar no espelho, nunca pensei sobre o envelhecer, fui vivendo cada dia, e nem se tivesse pensado, eu iria querer chegar melhor do que cheguei. Aceito com naturalidade as transformações externas, e com gratidão as internas.
Importante usar o tempo a nosso favor, e não lutar contra ele.
Aceitar as fases da vida com suas mudanças, e com elas as perdas e ganhos que trazem.
Creio que, amadurecer sem se deixar envelhecer, esteja conectado a nunca deixar que o tempo que passa, atropele os projetos que temos.
E, gostar do nosso corpo, com as imperfeições e mudanças que surgem, elas fazem parte do viver.
Enfim o mais importante a fazer com a idade avançando, é: NUNCA SE APOSENTAR DE SI MESMA.