SOB A FÚRIA DA NATUREZA, UM BRASIL EM LUTO

Todo final de ano exatamente à meia noite do dia trinta e um de Dezembro, horário em que comemoramos a chegada de mais um reveillon, eu faço uma forte oração.

Oro não apenas com as palavras, mas com o coração aberto, e não só para mim e para os meus, mas oro pela humanidade inteira , posto que já vivi um tempo suficiente para entender que não existe bem estar individual sem o bem estar coletivo.

Quem acredita que estará feliz diante duma sociedade doente e agonizante está deveras equivocado, mesmo que julgue que suas condições financeiras sejam o foco da sua felicidade.

E mais uma vez foi assim neste recente reveillon.

Rezei inclusive pelos futuros governos diplomados para que tenham seus caminhos de lucidez, capacidade gerencial e de ética conjugados e priorizados às suas vontades políticas.

Não é verdade que tudo anda bem por aqui, embora comemoremos nosso tão falado crescimento econômico e temo não ter rezado a contento.

Nesta semana, INFELIZMENTE mais uma vez, a exemplo de tantas outras tragédias hidrícas RECENTES que já vivemos no país, focadas nas regiões sul e sudeste, a natureza pediu pelo seu espaço, numa INACREDITÁVEL demonstração de fúria que assolou as belas cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, todas situadas no Estado do Rio de Janeiro.

Eu, como todos os brasileiros, estamos tristes e boquiabertos.

E questionamos. Claro, questionamos a nós, aos governos , a Deus.

Por que tudo isso?

Faz pouco tempo que tive o prazer de conhecer estas belíssimas cidades, cuja natureza é um santuário ecológico, especialmente Teresópolis, uma cidade cravada na Serra dos Órgãos, um dos locais mais íngremes e mais lindos que meus olhos já puderam avistar.

Foi naquela serra que fotografei o pôr- de- sol mais belo que vi na minha vida.

Porém, até o acesso a cidade, não se precisa ser técnico em geologia para se perceber que não apenas lá, mas O PÁIS INTEIRO está repleto de áreas de ocupação de risco. Tudo negligenciado.

Se não se trata de risco eminente de infiltração e desabamento, vemos a olhos nús, PELO PAÍS AFORA, outros tipos de riscos que corroboram para a tragédia das chuvas totalmente negligenciados, tanto pelas pessoas como pelos governos de todas as partes do país.

Aqui mesmo em São Paulo, cidade, temos a mais drástica ocupação clandestina dos arredores dos mananciais que contaminam a água que entra nas nossa casas. E ninguém faz absolutamente nada!

INACREDITÁVEL.

Moro num bairro que num espaço de vinte anos perdeu drasticamente seu verde com construções desordenadas e "autorizadas" pelos sucessivos prefeitos da cidade. Lotearam todo o verde!

O pouco de árvores que existe por aqui caem sob as chuvas, corroídas pelos cupins, e matam as pessoas nas calçadas.

Fazem, fazem, fazem mil diagnósticos, porém soluções...muito longe se encontram de serem efetivadas, porque o descontrole é amplo, resultado de várias décadas de descaso com o que é público.

Algumas reprêsas têm mais lixo flutuante do que água e até um museu foi montado para se expor o que é jogado nela.

CADÊ A FISCALIZAÇÃO DO TUDO?

Muito bem: Fácil concluir que tragédias originadas pelas chuvas, como as do tipo que vêm ocorrendo torrencialmente TODOS OS ANOS nessa época, é mais do que preanunciada.

Virou marca registrada do nosso TRÁGICO verão brasileiro.

Desta vez o estrago foi alarmante a nos demonstrar que alguma coisa tem que ser feita...e urgentemente.

O caos tem solução? Não sei responder.

Fico a imaginar como socorrer o flagelo de tantas vítimas num país que vive imagens da ÁREA DA SAÚDE PÚBLICA como as de Rondônia que nos foram mostradas nesta semana.

Não temos infraestrutura nem para o atendimento de rotina, que dizer numa tragédia!

Como vêem, a euforia do povo que comemora o final de mais um governo presidencial deveria, sim, ser uma euforia mais consciente.

Estamos doentes enquanto sociedade. Só não vê quem não quer ou quem não consegue.

Precisamos de cuidados sociais reais, prioritários e honestos, de "olhos de lince" para a verdadeira situação do nosso povo, e não de demagogias e discursos que nada resolvem, a não ser promover os governos incapazes.

Precisamos de atitude política para o todo!

Neste momento eu oro.Peço a Deus para que tenha piedade da nossa situação social, que nos mande sua misericórdia e suas luzes, para que ilumine aos nossos governantes não apenas para a prevenção de tragédias , mas PRINCIPALMENTE para o encontro das tantas soluções emergentes, o que acredito que apenas se conseguirá com um povo consciente e devidamente educado para a conservação do meio ambiente de todo o país.

Ao Rio de Janeiro, sinceramente, muito triste e perplexa , aqui deixo minhas sinceras condolências, sinonimo do meu profundo lamento frente a mais essa tragédia que assola o nosso país. Que pena...

Hoje somos um todo enlutado, em busca dum novo sol.

Um novo sol tão lindo quanto aquele perene rei da Serra de Teresópolis, sem dúvida, um dos mais belos postais do planeta que decerto voltará a brilhar sobre todos nós a iluminar toda a cega consciência.

Amém.