O INTRUSO

por Luiz Celso de Matos

Século XXI. A raça humana tem observado certo nervosismo do nosso azulado planeta chamado Terra. Enchentes, terremotos, maremotos, e outros significantes episódios, que a cada dia tornam-se mais presentes e assim, preocupantes. Destarte, significativas perdas ocorrem. Prejuízos de toda ordem são gerados. Tornam-se matérias jornalísticas interessantes e cada vez mais expostas em nossos noticiários, e, acredito pouco lidas pelos agressores responsáveis pelo desequilíbrio que está ocorrendo em nosso meio-ambiente.

Inconcebível, também, a nosso ver, são as incômodas invasões que ocorrem sistematicamente em nossas vidas, de forma nem sempre consentidas e/ou mesmo desejadas por nós. Muitas das vezes, só após a arbitrária e ousada instalação é que vamos tomar conhecimento da identificação desses intrusões.

Sem a menor cerimônia esses indesejáveis hóspedes, não raras vezes, querem ocupar mais de um espaço. Alojam-se sem mesmo pedirem permissão e não comunicam a hora de partirem. Obviamente, isto resulta em sofrimento e ansiedade. Não existe a menor consideração ao incauto e desavisado hospedeiro. Aliás, esse pobre anfitrião ao qual nos referimos, ao longo de sua vida já havia lidado, em muitas ocasiões, com situações análogas, a que estava vivendo nesse momento, porém, após algumas acertadas e cautelosas providências, essas convivências indesejáveis, eram de curta duração. Abortava-se o problema. E como era importante a retomada de uma vida livre de preocupações. Afinal, debaixo desse céu anilado, seu corpo exercia de forma detalhista e apurada, o abençoado uso dos cinco sentidos. O calçado parecia ser maior, não importunava seus veteranos calos. As roupas mais confortáveis, não lhe causavam nenhum embaraço nos movimentos. As cores da vida eram mais brilhantes e belas. O som dos pássaros ou da cachoeira tinha o mesmo encanto mágico de uma relaxante sinfonia.

Com essas lembranças sentiu a incomoda presença de uma leve auto piedade. Mas, não devia e não queria esmorecer. Iria lutar com todas as forças que lhe restavam para preservar-se. Sabia ter um aliado fortíssimo, que jamais o abandonaria, Deus.

Esse câncer-penetra, não ficaria muito tempo ocupando espaço e destruindo sua saudável e tranquila vida.

Segunda-feira, 26/7/2010 10:09:06

Luiz Celso de Matos
Enviado por Luiz Celso de Matos em 13/01/2011
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