Uma das coisas mais importantes para se sair de situações difíceis é a criatividade e o jogo de cintura. Muita gente se desespera se a comida queimar, se o bolo solar, se o ma-carrão cozinhar demais, se a carne está dura, etc.
Li, uma vez, que a dona de casa não deve ficar se desculpando se a comida não saiu tão boa quanto ela desejava. É melhor dizer simples-mente que, da próxima vez, ficará melhor. Se o caso for muito drástico, convide seus amigos para uma pizza no bar da esquina.
Minha irmã estava recebendo umas 50 ou 60 pessoas para um jantar em sua casa. Era o seu aniversário e ela estava muito feliz. A ca-sa, bem iluminada, foi preparada para aquele grande dia. Flores por toda parte, as compra-das por ela e aquelas que recebeu.
Como ela gosta de cozinhar, ela mesma pre-parou os quitutes, os salgadinhos e as so-bremesas, apenas com a ajuda de Marinei-de, sua bem-humorada e fiel empregada.
Todos adoramos a comida e passamos para as sobremesas. Dentre as tortas e pudins esta-va um manjar que nossa mãe sempre fa-zia, quando éramos crianças, e que sempre era um sucesso.
Na hora de desenformar o tal manjar, ele re-solveu fazer a gracinha de se desmanchar todo. Minha irmã ficou nervosa, pois sabia que aquela era a iguaria mais esperada e apre-ciada pelos seus amigos.
Eu cheguei à cozinha exatamente na hora da “tragé-dia”.
- O que é que eu faço agora, irmã? Estão todos esperando pelo manjar que já é famoso nos meus jantares.
- Deixa comigo, patroa, disse a empregada, uma simpática negona - digo, uma simpáti-ca afro-descendente - de 1,80 e uns 120 quilos, que já está na casa há mais de 20 anos e trata os convidados de minha irmã como se fossem seus. Todos vão à cozinha cumpri-mentá-la, assim que chegam e quando saem.
- Patroa, vai lá pra sala enterter os convidados que eu vô arresorvê o causo.
Pegou o manjar, misturou-o todo com um garfo, despejou-o num prato grande, acrescentou as ameixas com a calda ao redor e chegou na sala oferecendo uma novidade.
- Gente! Atenção! Ocês vão cumê agora o creme alemão, especialidade da casa – disse, abrindo um grande sorriso.
Minha irmã, cujo marido era alemão, contendo o riso, saiu de   perto, de fininho, para não cair na gargalhada.
Todos se deliciaram e queriam saber a receita. Depois que todos comeram e repetiram, ela lhes deu a receita:
Ocês faz um creme com 1 litro de leite, açúcar a gosto, 1 vrido de leite de coco e 3 colhé de maisena. Se for pra muita gente triprique a receita. Espere esfriar e desenforme. Se, ao virar, ele se esborrachar tudinho, não se desespere e faça como eu, transforme o rebelde em creme alemão ou de quarqué otra nassonalidade.
O pessoal riu um bocado e agora, toda vez que vão à casa de minha irmã, perguntam se vai ter creme alemão.

 
 
edina bravo
Enviado por edina bravo em 13/01/2011
Reeditado em 07/02/2014
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