PÉROLA DE MAIORIDADE

Sempre tive a certeza de que o que considero família me “apoiaria” em minhas decisões.Até porque cada uma delas era fortemente pensada,arquitetada.Criava argumentos convincentes,que condiziam com minha postura e condição.

Esquecendo-me de uma frase a qual sempre dei devida importância: “Só sei que nada sei”.Pois é,devia gastar mais tempo lendo,exercitando minha memória,que me iludindo com as novelas da vida (palhaçada,teatro do dia a dia).

Existem dois tipos de idiotas: os que acreditam que atingindo a maioridade poderão fazer tudo,tornar-se livre de verdade,virar um herói se quiser.E os que acham que quando seu filho atingi-la,não será mais sua”cria”.Que a partir dela (e por ela) tem vida individual.

Esse primeiro tipo me faz rir,porque pra pensar assim tem que ser muito inconsequente mesmo.Essa teoria só seria válida com a completa independência dos pais.Esta data não elimina o respeito que e deve destiná-los,não extingue as regras e a hierarquia familiar.Então se o indivíduo não comportar-se de forma mais “responsável”,nada vai mudar.

O segundo,nem classifico.Procuro entender,analisar o máximo possível,relacionar casos e casos.E na maior parte deles não encontro justificativa cabível.Sem qualquer aviso prévio só causam transtornos.

...Simplesmente abrem a porta indicando um último caminho (o da rua,o do mundo (sei lá)).

E de uma hora pra outra não há certeza de nada,vontade de nada (a não ser sumir).

Jogam na sua cara cada gota de água bebida,cada grão de arroz ingerido,sem contar os meses de amamentação e as fraldas trocadas.

Num lápso de revolta chega-se a pensar:

Tá legal, eu pedi pra nascer? Se entediou-se mate-me e pronto!Assim tudo estará acabado...

Coisas como essa me fazem ter vontade de estudar a memória humana. Gostaria muito de saber pra onde foram os bons momentos, pra quem sabe,perder-me por lá.

Ai penso que eles não devem ter sido relevantes,de verdade.

De repente frases como:

“Meus filhos são minha vida”

“Sempre será uma criança pra mim”

“Não troco filho nenhum por macho”

Soam como a maior falsidade que já se tenha provado. E inconscientemente,formulo respostas adequadas para o momento .

*Então você é suicida

*quando for-lhe conveniente,apenas

*Mas foi incapaz de defender-me diante acusações caluniosas.E eu pensei que me conhecesse

De fato,não sabia onde me metia esses anos todos.Devem ter razão,não,elas têm razão!

Eu não devia mesmo “depender” delas.Acho que demorei muito para perceber que não passo de um estorvo,uma espécie de agregado (sem ofensas à José Dias).

Não tenho do que reclamar,afinal “o que não mata fortalece”.Só querem mesmo abrir-me os olhos,não sou capaz (embora por vezes tentasse enganar-me com relação a isso).Obrigada por lembrar-me,sutilmente que não sou nada,por um momento quase me esqueci!!!!!!!

E o pior é que se percebe quem são as pessoas e seus reais sentimentos num texto como esse...

Os episódios mais deploráveis não são citados,unicamente porque mesmo tendo sido abatida por uma imensa tristeza ou decepção (não consegui reconhecer),minha memória ao contrário de muitas,intercala os acontecimentos.Remete-me instantaneamente a quando eu podia acreditar em tudo e em todos.Ela me mostra que cresci,mas sou a mesma.Antes me aborrecia muito,me escondia dentro do armário e chorava sozinha até dormir,hoje não caibo no armário,nem consigo chorar.Saio,ou sento (ainda sozinha) num canto, e ponho a carregar o papel de letras embebidas de lágrimas acumuladas,mas também risos,algum altruísmo...

Até que o cérebro se acalme,então normalmente escondo os que tenha gostado de uma frase desesperada se quer,quase sempre são tão subjetivos e conotativos que só eu mesma poderia entender.Os mais ácidos,rudes,prefiro destruir.Descartando assim,o risco de criar problemas, com qualquer equívoco que eu tenha redigido.

Por fim o que quero,não é transformá-las em criaturas mitológicas,temidas nem odiadas por ninguém.

Eu cresci,mas ainda sou uma criança.Uma eterna criança,na arte de extravasar e depois de pouco tempo,conseguir tratar a todos como antes.

E mais uma vez o método funcionou com êxito.

Já passou. E posso dizer com a pureza dos cinco anos,que: Amo vocês!!!!!!!!!

Robroy
Enviado por Robroy em 13/01/2011
Reeditado em 31/01/2011
Código do texto: T2726986