Melões

Estava eu fazendo minhas compras tranquilamente num supermercado de Catalão. Chego perto da banca de melões, uma das minhas frutas prediletas. Havia várias qualidades de melões. Ponho-me a analisar as opções.

Um senhor aparentando ter seus 40 e poucos anos aproxima-se começa e me aconselhar sobre a forma de escolher as frutas: “se você apertar o biquinho e estiver um pouco mole, é porque já está bom”.

Ele deve entender mais de melões do que de biquinhos... alguns biquinhos, ao contrário dos melões, estão melhores quando estão mais durinhos... Ele continuou: “este que você pegou está meio verde...”

Expliquei: “ah, obrigado, mas é porque eu não vou comer logo...”. Coloquei o melão no carrinho e continuei caminhando pelo corredor em busca de outros produtos.

O mesmo senhor se aproxima novamente e diz: “olha, se você comer melão três vezes por semana, vai funcionar melhor”. E, sem nenhuma obscenidade, fez um gesto levantando o braço em alusão à parte do corpo específica que funcionaria melhor.

Achei muita graça e agradeci por mais aquele conselho: “então vou levar mais um!”

Contei esta estória numa das minhas aulas e o pessoal também achou engraçado. Disseram que os catalanos são assim mesmo: distribuem conselhos gratuita e gentilmente, inclusive a quem não conhecem.

Na semana seguinte, no mesmo supermercado, encontro um aluno fazendo compras com uma senhora aparentando ser sua mãe. Cumprimento-os educadamente e ele solta: “e aí, veio comprar melão?”

Morrendo de rir, virei o carrinho: “bem lembrado!”

(Catalão, 23/11/2010)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 13/01/2011
Reeditado em 13/01/2011
Código do texto: T2725823
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