Matei Um Homem

Venho aqui, em meu consciente, confessar um cruel crime que acabei de cometer. Matei um homem. Dei lhe todo meu coração e meu corpo, cada parte, cada metade. Entreguei lhe minha mão, ele não se contentou em segura-la, puxando então para si meu braço e depois meu “eu” inteiro. Prometendo- me de tudo do possível e do inimaginável e eu, não acreditando em sequer uma palavra, lhe dei todo meu amor. Pouco me importei, nem rios e nem mares me interessavam naquele momento. Foi ao nos amarmos como amantes apaixonados que á tempos não se tocavam que cometi o crime. Dei a ele o que o seu corpo pedia e sua alma parecia necessitar, sem lhe avisar que eu não o amaria além daquela vez. Até por que, palavra nenhuma faria algum efeito àquela altura.

Não amo duas vezes, acho que essa é a receita da felicidade ou pelo menos da minha. Posso não ficar satisfeita em lhe ter apenas uma vez, mas não sou corajosa o suficiente pra correr o risco de amar o mesmo novamente e mudar meu conceito ou sou corajosa demais em abrir mão de meus desejos em nome da minha visão sobre a reputação de um desconhecido. As melhores coisas na vida acontecem apenas uma vez e para sempre serão lembradas como únicas. O que mede meu apreço é a intensidade. Dessa sim eu desfruto quantas vezes for preciso, nunca é demais. Costumo dizer que é ela que torna meus momentos memórias, quanto mais intenso, mais memorável.

Toda manha acordo feliz, toda tarde vivo pro amor e toda noite o conquisto para mim. Cada dia um rosto diferente, uma historia diferente, uma paixão mais diferente ainda. É como nascer todos os dias, acordar de um abrigo seguro e quente para o mundo. Toda tarde é como se eu amasse e beijasse pela primeira vez, á primeira vista e toda a noite é como se eu morresse com meu amado, mas morresse- mos de amores.

Então pobre consciência, sou de certa forma incorreta, mas sempre sincera, sinto em confessar: não me arrependo de ter o matado e se o céu me for negado, por eu me tratar de uma assassina, prefiro o inferno. O céu já não seria meu paraíso, pois quem haveria de viver onde amar é um crime? Eu deveria é ganhar uma recompensa por amar em um mundo que nos perguntamos o que faremos quando a água acabar, mas não nos perguntamos que saída teremos quando o amor já não mais existir. Suplico, me falte água, mas não me falte amor.

GabrielaValer
Enviado por GabrielaValer em 12/01/2011
Código do texto: T2725372
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