A Generosidade do Poeta

Sempre, no final do ano, eu faço uma arrumação na minha estante, nas revistas semanais, que costumo guardá-las, quando contém reportagens interessantes. Geralmente, procuro me livrar delas, doando-as a alguma instituição de caridade ou entregando-as a uma pessoa que passa na minha rua para vendê-las como papel velho .Eu tenho como hábito, folheá-las, e assim, este ano, para minha surpresa, encontrei uma revista de maio de 2009- esqueci de livrar-me dela na faxina do ano anterior-. A revista apresentava uma reportagem sobre a morte, por suicídio, da atriz inglesa Lucy Gordon, em seu apartamento em Paris, aos 28 anos de idade. Bonita, Jovem. Cabelos quase negros. Eu me reportei até a época desse episódio obscuro. Naquele momento ,eu fiz uma curta reflexão : o que leva um ser humano a interromper sua existência. O enigma que há por trás desse ato tão discutível , e que envolve, psicologia, filosofia, teologia, e evidentemente, a arte. Coragem, covardia, loucura, lucidez? Existem muitas especulações sobre esse tema: o suicídio. Porém, nada que convença uma pessoa com o mínimo de compromisso lógico. O suicídio continua afrontando as teorias e desafiando as convicções do que estão preparados para condená-lo. A religião – parece-me que todas- é contrária a essa atitude-. As religiões cristãs são implacáveis, afirmando que aqueles que dão cabo da vida, nesse caso, a própria, não têm salvação. É o inferno que os espera. No mínimo o purgatório. Até o espiritismo, considerado por muito como uma doutrina “ light”, defende a possibilidade dos suicidas passarem por regiões sombrias ou habitarem vales sinistros. Embora , consigam evoluir e, finalmente, encontrarem a paz. Mas e o poeta? Esse pensa diferente. Carlos Drummond de Andrade em seu poema “ Os Ombros suportam o Mundo”, diz, "Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer". Que generosidade para com aqueles que não suportando uma existência cheia de sacrifício, encurtaram o caminho da dor. É, O poeta se mostra compreensível, sentimental, lírico- . Percebe-se nele uma compaixão. Uma generosidade, que dificilmente vamos encontrá la em outra situação. Viva! Viva , Poeta!

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 12/01/2011
Reeditado em 01/02/2012
Código do texto: T2724666