OS ABACATES GÊMEOS .
Pela manhã fui para aula de alongamento, seguida da aula de ginástica localizada.
A academia fica dentro do condomínio, e a turma é pequena, hoje, estávamos em três alunas somente.
E devo dizer, fizemos mais terapia em grupo do que ginástica.
Mas, voltei pensando como é bom, conversar, compartilhar experiências, ajudar ou ser ajudada, pela palavra boa de alguém.
Em meio a aula de alongamento, a professora nos pediu para usar a barra. E desse forma fiquei de frente da janela, onde uma linda mata se avista.
Debruçando sobre os vidros, um frondoso abacateiro se mostra vaidoso. Está repleto de frutos ainda em fase de crescimento.
Um galho dentre tantos chamou-me atenção, bifurcou-se em sua extremidade, formando dois pequenos ramos e cada um gerou um lindo abacatinho.
Fiquei a olhá-los embevecida, eles brilhavam sob os raios de sol, observei que mesmo tendo nascido no mesmo pé, surgido do mesmo galho, e estarem muito próximos, diria quase "grudados", poderia até falar que são abacates gêmeos, sei lá, se existe isso! Mas, mesmo com toda semelhança e proximidade, eles eram diferentes no tamanho, um levemente maior que o outro.
Continuei a aula, mas meu pensar recaía sobre essa encantadora visão, dos dois abacatinhos, bem juntinhos, quase abraçados, mas mesmo assim, diferentes em seu ritmo de crescimento.
E vim pelo caminho da academia até em casa, pensando sobre isso, como nós humanos, nos parecemos tanto com os dois abacates !
Por vezes, nascemos, crescemos e convivemos de bem perto, com algumas pessoas, mas, temos nossa individualidade preservada, nosso "crescimento interior" acontece no nosso compasso, e nunca no tempo do outro.
Sempre fui partidária em aceitar a teoria de que o meio em que vivemos, nos influência sim. Mas, também acredito piamente, que ele não determina o que somos.
A minha vontade e ação, é que são os grandes responsáveis pelo que sou.
O meio em que vivo conta muito, sem dúvida alguma, mas, não determina.
Ainda estou com a foto em minha mente, dos dois abacates, irmãos gêmeos, que embora tenham nascidos na mesma época, estejam se nutrindo da mesma seiva, e sido gerados no mesmo galho, tem o desenvolvimento distinto, e com características próprias.
Observando cada pessoa e seu modo de ser e agir, e a contemplação mais atenta da natureza a minha volta, me leva cada vez ficar mais distante, de "culpar" esse ou aquele acontecimento de minha vida, essa ou aquela pessoa, POR EU SER, DO JEITO QUE SOU.
Importante reconhecer, que somos resultado muito mais de nossas próprias escolhas, (uso do livre-arbítrio) do que do meio em que vivemos.
Abacatinhos bons esses, me fizeram pensar.....