OVAR, CIDADE-MUSEU DO AZULEJO PORTUGUÊS

Quem visita Ovar nunca mais esquece esta maravilhosa cidade.

Conheci esta cidade e a região há cerca 32 anos atrás. Foi paixão à primeira vista pois Ovar e suas praias são plenas de encanto e deslumbramento.

Situado no distrito de Aveiro, região Centro de Portugal, Ovar é um concelho composto por oito freguesias. Abrange uma área superior a 160 Km2, ocupando uma posição privilegiada no litoral/centro do país. Possui cerca de trinta mil habitantes.

É limitado a norte pelo município de Espinho, a nordeste pelo de Santa Maria da Feira, a leste pelo de Oliveira de Azeméis, a sul pelo de Estarreja e pelo da Murtosa e a oeste pelo Oceano Atlântico, que banha cerca de 15 km da sua costa, contribuindo para um clima ameno e praias agradáveis.

O seu desenvolvimento sócio-económico associa-se, obrigatoriamente, à proximidade do mar e da Ria, à fertilidade do solo e à planura da região. O concelho beneficia ainda da sua excelente localização pois situa-se num dos eixos estratégicos do desenvolvimento nacional, entre a cidade d Porto (35 km a norte) e Aveiro (32 km a sul), da cultura, do patrimônio e da riqueza das suas gentes. É servido pela Estrada Nacional nº 109, pelos Caminhos de Ferro (desde 1863) e dispõe de acessos à auto estrada Porto/Lisboa a cerca de 10 Km.

Nas enciclopédias, o nome Ovar é um tanto ou quanto invulgar. A etimologia mais popular e citada é a que deriva dos verbos "ovar" e "desovar", dado a enorme quantidade de aves que desovavam e criavam na região.

Também se diz que, um rio chamado Var deu origem ao nome da cidade e os nomes de varino e vareiro dados aos seus habitantes, que cedo se ligaram ao mar, e nasceu o nome de varina, que tem a graça toda da mulher que o recebe e dele se orgulha.

Região com inúmeras atrações turísticas: praias e Ria

Sendo uma cidade turística, a sua população aumenta consideravelmente na época de veraneio.

Nas excelentes praias atlânticas de Ovar foram passadas as férias de verão da minha juventude, com meus pais e minha irmã. Lembro-me que devia ter onze anos quando ali estive pela primeira vez. Nos 7 ou 8 anos anos que se seguiram meus pais fizeram questão de voltarmos ao mesmo lugar e às mesmas praias, de areias finas e claras, onde a cor do o céu se confunde com o azul do mar. Era muito agradável ver o sol e o mar de um lado e a sombra e o verde dos pinhais do outro. Naquela região existem grandes extensões de areal e dunas com ligação às zonas florestais, constituindo uma das maiores áreas do gênero no litoral português.

As diversas praias da região estendem-se no sentido norte-sul. Além das praias de Ovar (Furadouro e Torrão do Lameiro), são também famosas as praias de Esmoriz (Praia da Barrinha), Cortegaça, Maceda (S. Pedro) e a praia fluvial do Areínho, situada em plena Ria.

No Verão, os turistas deliciam-se com a qualidade das águas e da areia e pernoitam nas unidades hoteleiras e nos parques de campismo dotados com bons equipamentos, nomeadamente desportivos, e divertem-se nos espetáculos e eventos desportivos, tais como regatas e outras provas desportivas aquáticas.

O ambiente noturno e a gastronomia são fatores de grande atração.

A cidade está fortemente ligada à Ria. A sua população, durante séculos, explorou os seus recursos naturais como fontes de rendimento: a recolha de sal; a apanha do moliço (fertilizante natural); a pesca e o transporte de mercadorias.

A Ria estende-se, pelo interior, paralelamente ao mar, numa distância de 47 km e com uma largura máxima de 11 km, no sentido Este-Oeste, desde Ovar até Mira, constituindo uma paisagem única em Portugal e na Península Ibérica. Desdobra-se em quatro importantes canais: Ria de Ovar; Ria de Mira; Ria da Murtosa e Ria de Ílhavo.

O moliceiro é a embarcação característica da Ria de Aveiro, destacando-se a elegância das suas linhas e o colorido da sua decoração. Em Ovar também se encontram estas embarcações e os turistas podem usufruir de passeios neste tipo de embarcações.

Atualmente a Ria, é, sobretudo, um grande pólo de atração turística, permitindo a prática de desportos náuticos, da pesca desportiva e praia fluvial. O contato direto com a natureza é, igualmente, possível nos parques de campismo, nos passeios pela Reserva Natural de São Jacinto e em inúmeros outros recantos ricos em fauna e flora.

Jardins e espaços verdes

Norteando-se pelo desenvolvimento sustentável, ambiente e qualidade de vida, o município de Ovar sempre conjugou o seu crescimento urbano com os espaços verdes. Encontram-se espalhados pela cidade vareira diversos jardins públicos, que proporcionam verdadeiros momentos de relaxamento, passeio, desporto e recreio. Devido à beleza destes espaços, Ovar foi homenageada com o 1º Prémio Nacional no Concurso Europeu de Cidades e Vilas Floridas.

Gastronomia Vareira

É impensável visitar Ovar e não provar o peixe, acabado de pescar e o famoso Pão-de-Ló.

Em termos gastronômicos, o Pão-de-Ló de Ovar é, sem dúvida, o “ex-libris” da cidade. Famoso em todo o país e além fronteiras, é um doce muito apreciado e que quase não encontra paralelo na doçaria regional, pela sua particularidade.

Destacam-se também os ovos moles e a rosca de ovos.

Ovar, como terra de gentes do mar que é, apresenta uma gastronomia baseada em pratos de peixe que são bastante apreciados, sendo a Caldeirada de Peixe e Enguias de Escabeche, também uma importante referência na gastronomia vareira.

Passeio turístico pela cidade

Igreja Matriz de Ovar - A Igreja de Ovar foi construída em finais do século XVII e fica situada no centro histórico. Destaca-se sua imponente fachada, revestida de azulejos e com duas torres sineiras.

Capelas dos Passos - situadas na zona histórica da cidade, as sete Capelas dos Passos foram construídas em meados do século XVIII e constituem o conjunto artístico mais interessante da cidade, depois da Igreja Matriz. São consideradas de Interesse Público desde o ano de 1949.

Capela de Santo António – é um templo contruído no século XVII. Sua arquitectura combina os estilos maneiristas e barroco, e a sua fachada está decorada com azulejos do século XX.

Jardim dos Campos - é um amplo jardim com forma rectangular. É uma das zonas arborizadas mais importantes da população. No seu interior encontra-se o Museu Júlio Dinis.

Museu Júlio Dinis - Uma Casa Ovarense - casa onde viveu um dos grandes autores clássicos da literatura portuguesa, que deu o nome ao museu. Foi nessa casa que Júlio Dinis encontrou paz e a inspiração para escrever As Pupilas do Senhor Reitor. Foi classificada como Imóvel de Interesse Público no ano de 1984.

Museu de Ovar - Seu interior acolhe diversas salas. Entre as que se destacam estão a sala da colecção de bonecas com seus trajes tradicionais de 30 países diferentes, a Sala do Mar, a Sala da Cozinha Típica, Sala dos Utensílios agrícolas, etc. Também resultam de interesse as colecções de peças de etnografia africana, pintura e escultura. Uma das suas principais atrações é a exposição de Vestes Tradicionais da região de Ovar.

Casa Museu de Arte Sacra – museu que expõe imagens, vestuário sacerdotal, pinturas, porcelanas, etc. No exterior a parede de azulejos que cobre a fachada, conta com o símbolo da Ordem Terceira de São Francisco.

Chafariz de Neptuno – ergue-se sobre o centro da cidade e é considerado um dos símbolos de Ovar.

Tradição de Carnaval

Todos os anos, na época de Carnaval cerca de 3 mil foliões vareiros distribuídos pelas Escolas de Samba, Grupos Carnavalescos, humoristas individuais, colorido, fantasia, ritmo, humor e alegria invadem as ruas da cidade de Ovar.

Organizado desde 1952, o carnaval d Ovar é o maior acontecimento turístico da região, atraindo milhares de visitantes. A preparação do Corso Carnavalesco envolve, durante todo o ano, os figurantes e suas famílias que executam, eles próprios, os trajes, as máscaras, as fantasias, os enfeites e os carros alegóricos, ricos de exotismo, criatividade e humor.

Como é tradição no Carnaval de Ovar, a escolha do rei e da rainha representa uma homenagem aos cidadãos do concelho que, de alguma forma, ao longo do tempo, se destacaram pelo seu envolvimento no Carnaval.

Os azulejos de Ovar

É muito agradável passear pelas ruas da cidade e sentir toda uma envolvência colorida que transmite alegria e uma inebriante sensação de luminosidade.

E tudo isso vem dos azulejos que revestem as fachadas das casas: uma variedade de cores e padrões que faz com que Ovar se orgulhe do título que ostenta; um verdadeiro museu do azulejo em que cada rua, cada casa, igrejas, estação ferroviária e tribunal é uma pequena relíquia e merece um olhar detalhado.

A cidade é famosa pelas casas de azulejos multicolores, numa profusão de cores e padrões, em contraste com a singeleza do granito, que a tornam única.

De salientar o cuidado com que as varandas e as janelas são decoradas, com vasos floridos, o que torna ainda torna mais enriquecida a paisagem citadina.

As ruas da zona histórica da cidade apresentam um conjunto fora do comum de casas com revestimentos azulejares que faz delas um autêntico museu vivo do azulejo.

Este revestimento azulejar das fachadas, surgiu, em Ovar, nos finais do século XIX. Começou por ser uma "moda" trazida por emigrantes regressados do Brasil, onde o azulejo já era utilizado no revestimento de fachadas. A moda surgiu porque ao regressarem, os emigrantes quiseram construir suas moradias ou remodelar as antigas com características semelhantes às que existiam no outro lado do Atlântico.

As fábricas de cerâmicas de Aveiro e do Porto produziram uma diversidade de padrões que, ainda hoje, podemos observar nas artérias da cidade.

Passear nas ruas de Ovar é como passear numa exposição de tipos de arquitectura e de revestimentos de azulejos dos séculos XIX e XX, em casas, igrejas, estação ferroviária e tribunal. Para preservar este patrimônio foi criado o Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo.

A cidade de Ovar apresenta estas características únicas que documentam e ilustram o gosto de uma época histórica. Um conjunto que interessa preservar nesta cidade que tanto se orgulha do seu patrimônio.

Ana Flor do Lácio (26/12/2010)

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 12/01/2011
Reeditado em 13/01/2011
Código do texto: T2724460
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