A SÍNDROME DA MULHER ELEFANTE

Ela não sabe dizer quando perdeu o rumo da sua vida; tantos sonhos, tantos planos e tudo se foi, jogado pela janela de um relacionamento que só lhe trouxe sofrimento, e ainda assim, ela não consegue sair dele. Sua criatividade foi sacrificada, em algum momento, entre o se entregar totalmente a esse homem e o sonho do perfeito matrimônio que ela espera, ainda um dia, conseguir atingir e ver chegar. Mas toda vez que pensa em trabalhar, estudar ou fazer qualquer coisa que possa a sua situação mudar, melhorar, ouve do esposo:

- Você não precisa trabalhar, princesa, eu cuido de tudo!

Ás vezes, ela se olha no espelho, com faíscas de vaidade; pensa em fazer um regime, comprar novas roupas, colocar uma maquiagem. O espelho lhe conta que ela era tão bonita, curvas delineadas, cabelo bem tratado, mulher de fino trato, que chamava a atenção onde quer que fosse; agora, ela quase não sai do portão, só vai ao supermercado e a feira; quase não consegue achar calças para o seu tamanho, por isso, só usa vestido, o que parece agradar o seu marido, que diz:

- Você não precisa se arrumar, princesa, você é linda por natureza!

- Tudo o que uma mulher quer ouvir, nada mais longe da verdade - disse uma amiga dela, esses dias, na padaria - Abre o olho - disse ela - Homem adora mulher bonita, se ele te elogia, mesmo quando você está descabelada, lavando roupa na pia; isso é um sinal da "Síndrome da Mulher Elefante".

- Como assim? Ele esta doente?

- Não exatamente, querida! Vocês dois estão! Há homens que são tão inseguros com as suas mulheres, que preferem que elas engordem como elefantes, fiquem burras como mulas; pois assim, elas nunca serão interessantes para outro homens; nunca sairam de casa, para ter outras experiências. E há mulheres que ouvem somente aquilo que elas querem, e são iludidas no começo do relacionamento a acreditar que estão seguras e felizes, agindo assim como elefantes de circo, que quando filhotes são amarrados num poste e não possuem força suficiente para fugir; e quando adultos, continuam amarrados no mesmo poste, com a mesma corda, mas não acreditam que possuam forças suficiente para escapar. Cuidado, amiga, relacionamento assim, é uma das piores prisões. Você pensa que é livre e esta feliz, mas está presa e manipulada por um homem que não investe em seus sonhos, pois morre de medo do seu voo e que você nunca mais possa voltar e o que é pior: fazer mais sucesso que ele.

...

Ela não concordou com a amiga. Que loucura! Que homem faria isso com a sua companheira? E ela não era burra, saberia se estivesse sendo presa; e para provar que a sua amiga estava errada, ela não voltou direto para casa, pois decidiu ir num salão e arrumar o seu cabelo, fazer as suas unhas, comprar um belo vestido e fazer uma surpresa para o seu marido. Tinha certeza que ele adoraria, além disso, iria dizer para ele também como ela se sentia, e contar que queria voltar a estudar. Ela tinha certeza que ele aprovaria.

Foi o que fez.

Quando o marido chegou em casa, ela o esperava, toda bem vestida e perfumada. Ele estranhou e com a cara amarrada, perguntou:

- O que está ocorrendo? Aonde você foi?

- Quis me arrumar para você, meu amor! - ela respondeu.

- Não precisava, minha princesa, gosto de você como você é. Promete para mim que você não vai fazer isso de novo...

- Mas eu sou assim!

- NÃO É! - disse ele gritando - Você é minha princesa...- disse ele, logo em seguida, diminundo o tom da sua voz.

- E eu estou pensando em voltar a estudar... - disse ela, voz tremida, assustada.

- O QUE ACONTECEU COM VOCÊ HOJE? - ele tornou a gritar - Com quem você conversou?

- Eu só falei com uma amiga...

- Viu? Tem sempre alguém querendo destruir o relacionamento dos outros. Princesa...eu te amo...

E ele a abraçou e eles fizeram amor, bem ali na sala, e ao ver o seu homem tão feliz com ela do jeito que ela era, percebeu que era bobagem mudar, o seu relacionamento não era perfeito, mas ela tinha alguém ao seu lado; e afinal, ela realmente nem precisava estudar e trabalhar, pois tudo o que ela precisava e o que mais queria, era se sentir amada, protegida, cuidada...coitada, continua amarrada!