Procura-se...

Os românticos vão dizer que o amor é para sempre. Eu até acho sedutora essa idéia, não porque veja algum fundamento nisso - muito pelo contrário - mas porque aceito meu sentimento talvez infantil, quimérico com certeza, de encontrar algo bom que nunca se acaba. Eu me satisfaria com um amor que simplesmente existisse. Ele não precisaria melhorar, não precisaria crescer, não precisaria mudar. É na estabilidade que eu vejo a maior qualidade do amor.

Mas vem daí mesmo a minha permanente insatisfação. Não há nada estável nesse mundo em constante mudança. Mesmo o que parece fixo está se movendo. E está aí o planeta que gira e a planta que cresce para nos desconcertar. Porque então o amor teria que ser estável? Afinal, nem a insatisfação poderia ser permanente!

Ele nao teria que ser, porque não existe uma regra. Porque nao existem regras capazes de controlar o amor. Senão ele não seria amor. Seria uma ética, ou uma moral. Será por isso que as pessoas matam o amor? Porque o colocam em recipientes fechados, porque o regulamentam? Apropriam-se dele, é verdade, ainda que o façam com a melhor das intenções. O amor é caro, não há dúvida. Alguns preferem guardá-lo e vigiá-lo, se bem que seria mais sábio usá-lo mesmo, sem medo que acabe, sem remorsos, porque o fim virá de qualquer modo.

Mas, apesar de tudo isso, me serve a idéia de que o amor é aquilo que nos faz aguentar a transitoriedade. Por mais que ele também esteja sujeito a isso, é o amor o contraponto definitivo à finitude. É o esteio que nos mantém agarrados à vida, que nos impede de se atirar nos braços da morte. E é tão forte esse poder do amor, que mesmo quando ele não existe ou quando vai embora, o simples desejo de encontrá-lo ou reencontrá-lo nos mantém vivos. Só por isso, talvez apenas por isso, já valeria a pena não perdê-lo de vista.

Lili Maciel
Enviado por Lili Maciel em 12/01/2011
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