D.LEOPOLDINA - Parte I
A escola Imperatriz Dona Leopoldina, de Porto Alegre e a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro, surgiram em homenagem a Imperatriz do Brasil Dona Leopoldina von Habsburg, primeira esposa de D.Pedro I.
A figura de D.Leopoldina sempre despertou minha atenção, como professora de História, por seu papel relevante na emancipação de nosso País e por sua garra como mulher e estadista. Infelizmente, a Historiografia, exclusividade dos homens, esqueceu, talvez propositalmente, o papel da mulher na História. Culta, inteligente, letrada, Leopoldina pertencia a uma das mais antigas dinastias da Europa, que reinou na Áustria por 36 anos. Seu interesse pela botânica, deixou-a entusiasmada com o Brasil, País que acabou respeitando e amando.
O casamento com Pedro de Alcântara foi realizado, por procuração, em 13 de maio de 1817, na cidade de Viena. Em 6 de novembro casaram novamente no Rio de Janeiro. Na chegada, Leopoldina causou espanto aos reis porque, apesar do rosto bonito, era obesa. A futura princesa, acostumada às riquezas e a educação da Corte Austríaca, foi morar com D.Pedro numa casa de campo da Quinta da Boa Vista. Para quem fora criada dentro da cultura européia, deve ter sido um horror: uma construção cercada por lama, esterco e brigas entre escravos e alforriados. O Príncipe herdeiro não tinha Educação formal, fora criado entre cavalos, brigando a paus e socos e bolinando as escravas. As diferenças logo apareceram. D.Leopoldina foi a primeira pessoa, de grande bagagem cultural, com quem D.Pedro teve um contato mais íntimo. O contraste entre os dois era gritante. O Príncipe vestia-se com roupas de algodão e chapéu de palha, tomava banho nu na praia, comia com as mãos (contam que a Princesa chegou a abandonar os talheres para amenizar as diferenças). Mesmo assim, Leopoldina amava Pedro que, com seus 19 anos, era um homem atraente, de feições enérgicas, com um olhar vivo e atrevido. Ela, por sua inteligência, teve importância decisiva nos acontecimentos históricos do Brasil mas, como mulher, amargou, silenciosa, as escapadelas do marido, suas inúmeras amantes e seu gênio violento. Em 9 anos de casamento teve 9 filhos, sendo que dois foram abortos.
Quando a Corte, em 1821, voltou para Portugal, D.Pedro foi incapaz de dominar a oposição entre portugueses e brasileiros. D. Leopoldina adotou a causa do povo brasileiro e trabalhou para a independência do País. Quando o marido viajou a São Paulo em agosto de 1822, para apaziguar a política, D.Leopoldina exerceu a regência. Grande foi sua influência no processo de independência. A princesa soube que Portugal queria transformar novamente o Brasil em Colônia e, aconselhada por José Bonifácio, reuniu-se com o Conselho de Estado e assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Junto com José Bonifácio, enviou uma carta a D. Pedro exigindo que ele proclamasse a Independência do Brasil, o que aconteceu, como todos sabem, em 7 de setembro de 1822.
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