LITURGIA DO CARGO

O ex-Presidente Sarney, quando nas funções de primeiro mandatário do país, lançou essa expressão para enaltecer a eminência do cargo de Presidente da República, a grandiosidade das funções inerentes e a conduta ilibada do chefe de governo, um estadista (como foi, por exemplo, Juscelino Kubitscheck de Oliveira), o qual deveria observar a postura e o ritual que esse cargo exige.

Convenhamos, ele, Sarney, não foi lá essas coisas como presidente e como estadista, todavia observou bem mais do que o nosso “Lula” essa questão da “liturgia do cargo”, pela qual ele tanto se bateu. Pelo menos foi um presidente educado, inteligente e letrado, com ares de intelectual que até chegou a ingressar na Academia Brasileira de Letras, mais aproveitando a chance que a política lhe deu e menos pelo conjunto da sua obra literária – mas isso é um outro assunto que não cabe aqui comentar.

Pois bem, depois dele veio o Collor de Mello, mais preocupado em posar de “Rambo” do que com a “liturgia do cargo”, tanto que terminou cassado pelo Congresso Nacional graças a escândalos de corrupção no seu governo. Assumiu o poder Itamar Franco e, a seguir, elegemos o Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo, homem bastante inteligente, correto, este sim um presidente que cumpriu interna e externamente os rituais litúrgicos do seu cargo, projetando o Brasil no exterior, estabilizando a economia do país e cumprindo dois mandatos seguidos.

Após seu governo, Fernando Henrique passou o bastão ao Luiz Inácio “Lula” da Silva, um ex-operário, um sindicalista, homem do povo e de origem humilde, mas carismático e de apurada intuição política, o qual aproveitou as bases da excelente administração do seu antecessor e nadou de braçada durante oito anos de governo também, bafejado pela sorte em vários momentos dos seus dois mandatos (a boa conjuntura da economia mundial, por exemplo) mas revelando-se um líder incansável dentro do seu partido, “peitando” algumas figuras mais radicais do “PT”, passando por cima de alguns deslizes (“- Eu não vi, eu não sei de nada!...”) e, no final, elegendo sua sucessora, a Ministra Dilma Rousseff, no peito e na raça, subindo em palanques com uma desenvoltura “como nunca se viu antes na história deste país” (bordão dele próprio).

Agora, já na condição de ex-presidente, “Lula” chuta de vez o pau da barraca da “liturgia do cargo” e apela:- pede passaportes diplomáticos para dois filhos, quebrando as normas fixadas para tais concessões, leva toda a família pra curtir alguns dias de férias no Guarujá, na Praia do Tombo, no Forte dos Andradas, em área e instalações militares do Exército, etc. e tal. Ridículo. Mas pelo jeito, devem vir mais benesses por aí. Está difícil largar o osso, né? ...

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B.Hte., 09/01/11

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 09/01/2011
Reeditado em 09/01/2011
Código do texto: T2718680
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