PROVOCAÇÕES NA MADRUGADA
 

 


Ao voltar de uma festa na casa de parentes, a mulher desabafa:

- Sua irmã não perde uma oportunidade de me constranger em público. Nunca vi tanta sede de alfinetar as pessoas. E sempre na frente de sua mãe que sorri cúmplice. Ninguém merece.
 
- Ih! Não! Mais uma reunião familiar e lá vem você, outra vez, com essa conversa empoeirada de respeito. Vou tossir desse jeito.

- E esse seu jeito, com todo respeito, rimou.

O marido riu. E tavez, por isso, continuou a conversa:

- O que você entende por respeito, outra pessoa pode interpretar como medo de confrontos.

- Confrontos e discordâncias fazem parte das relações, afinal ninguém é obrigado a compartilhar opiniões nem afinidades. Entretanto isto não nos dá o direito de ser agressivos ou desrespeitosos com os outros.

- E onde está o limite entre a liberdade de expressão e o respeito?

- Na ética. Na consciência de que o outro existe. E pode ser ferido.

- Parece coisa de gente moralista.

- Discordamos mais uma vez. Moralistas se preservam para ficar "bem na fita". Quando uma pessoa é ética, seus atos buscam a paz consigo mesma. Esta é a diferença entre projetar uma imagem e ser.

- Meu anjo, isto é coisa de quem tem medo de contrariar os interesses alheios...

- Qual seria o problema em contrariar? Ninguém veio ao mundo para corresponder às expectativas do outro, mas posso colocar limites de forma civilizada sem recorrer à agressividade. Aliás, muitas relações doentias transformam-se nisto: o masoquista permite o desrespeito que alimenta o sádico.

- Agora você viajou, amor.

- Falar de respeito pode ser mesmo uma viagem.




(*) IMAGEM: Google


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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 08/01/2011
Reeditado em 17/11/2011
Código do texto: T2717190
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