Lamúrias
Dividiam a fraqueza que parecia servir como pilastra. Olharam-se nos olhos, mas não viram de imediato. Quando ela chegou, tudo estava em paz e a vida dele parecia resolvida. A dela também, mas não tinha certeza.
Enxergavam-se... um no outro apesar das diferenças que pareciam enormes. Aos poucos, fizerem um pacto de suprir ambas as vidas: lamúrias, paixões não vividas, palavras jogadas ao vento, releituras, análises... Desenterraram-se.
Ele contou seu passado e falava das coisas que gostava. Ela só ouvia e achava tudo tão lindo. Pensava que um dia, contaria sobre sua vida assim também, e que ele sorriria da mesma forma.
Ela se transformou primeiro porque resolveu acreditar. Ele já sabia que ela estava errada sobre ele. Mas deixou, resolveu arriscar porque o ego não permitia deixá-la partir. Foi suprindo sua fome, dando comida na boca e doce antes do jantar.
Tinham os mesmos medos, mas nem todos eram fáceis de identificar. Permitiram-se ousar, mas só por alguns segundos. Foi ele quem lembrou: “Sempre teremos um ao outro”.
Mas ela preferiu determinar que eram como óleo e água. Sabia que estava errada, mas fingiu acreditar nisso. Ele queria mais, pelo menos por uma fração de segundo. Não conseguiu se entregar e pediu perdão.
Agradeceu a ela por ter sido seu remédio inteligente. Mentiu, disse que eram amigos. Avisou que quando tudo estivesse acabado, poderia se transformar em outro, e, assim, faria tudo novamente e reescreveria apenas o final.
Ela não aceitou, disse que era melhor assim, pois um amor não vivido seria um amor eterno.