História dos Finados
Morávamos num bairro distante uns sete quilômetros de Capituva. Éramos umas quinze famílias de pequenos agricultores, todos arrendatários. Plantadores de algodão, arroz, verduras e criação de pequenos animais. No pós-guerra até que vivíamos com certo conforto. Mas o único que possuía veículo era o Tamurasan. Era um caminhão pequeno. Embora pequeno servia a todas as famílias. Uma vez por mês, íamos fazer compra na cidade. Era o caminhão do Tamurasan que transportava as mercadorias. Claro que ele cobrava o carreto. Se havia uma festa na cidade era ele que nos dava carona.
Só tinha uma data do ano que ele não estava à disposição. Era o dia dos Finados. Seus pais estavam enterrados em uma local distante, por isso ele partia no dia 3o de novembro e só voltava semanas após.
Mas certo dia, lá pelos meados de agosto, ele começou a dizer aos amigos e vizinhos, e repetia sempre, que nos Finados daquele ano levaria todos ao cemitério. E todos ficaram contentes. Ir de carroça
E a promessa foi cumprida. Nos Finados daquele ano os amigos e vizinhos foram de caminhão ao cemitério mas acompanhando um caixão. O Tamurasan morrera no dia primeiro, à tarde, de um enfarto fulminante.