Ana de Holanda pode:

Quando em meus escritos falo sobre a Revista Veja tem sempre alguém que comenta criticando: é uma revista que serve aos interesses de a ou b, portanto não deve ser lida. Acho uma babaquice total: ainda está para existir um meio de comunicação que não sirva aos interesses de alguém – nem que seja de seu proprietário, afinal é um negócio como outro qualquer. Como não sou leitor de uma revista só e gosto de ler e ouvir opiniões diferentes sobre tudo, isso não me incomoda tanto porque o que almejo é que revistas e jornais sirvam basicamente ao meu interesse: se não servem, simplesmente deixo de comprá-los ou lê-los. 

O último exemplar dessa revista traz na última página um artigo de Roberto Guzzo sobre o qual já escrevi (O Poder da Corrupção). No finalzinho do artigo um único parágrafo fala de algo que me deixou de coração doendo: o ‘amigo do Rei Lula”, Ahmadinejad, do Irã conseguiu mais uma vitória a favor do obscurantismo em seu país: condenar o cineasta Jafat Panahi a seis anos de prisão porque apoiou o candidato da oposição nas últimas eleições. Eu não estaria tão indignada só por essa merrequinha de seis anos – mas o cineasta está também proibido de exercer a sua profissão nos próximos vinte anos e inclusive de escrever roteiros para outros cineastas filmarem. 

Eu não posso fazer nada além de ficar com o coração dolorido e escrever aqui, mas tem alguém que pode: Ana de Holanda, cujo irmão em tempos semelhantes foi obrigado a usar o pseudônimo ridículo de Julinho da Adelaide para divulgar seu trabalho e enganar a burra censura do Período que o Governo anterior teima em copiar;. É aquela história: aos amigos tudo é permitido, aos inimigos nada.Ranço do qual espero a nova Presidente se livre afinal ela sim, sofreu no corpo e na alma para se livrar desse tempo e ainda ouso dizer: com minha ajuda anônima.