QUANDO BATE UMA SAUDADE .....

 

    ...ou quando começo a sentir uma pontinha de tristeza , costumo ir para minha varanda mágica e fico apreciando e conversando com minhas amigas cintilantes, as estrelas de diamante.

    Mas às vezes também tiro o carro da garagem, coloco o CD com a música “impossible dream” e vou para o shopping aqui perto de casa .

    Não me dou nada bem com a saudade e a tristeza é uma coisa que me incomoda bastante, tanto é que quando as duas tentam me pegar distraído recorro a alguns truques que aprendi para sufocar esses sentimentos negativos.

    E o pior de tudo é que quando as duas tentam se aproximar, convocam outra inimiga meio chata que é a solidão. Portanto, noite passada fui dar umas voltas num movimentado shopping.

    Só de procurar uma vaga para estacionar (e ainda bem que sempre encontro rápido !) já começo a me sentir melhor. Vejo aquela quantidade de carros obedientemente estacionados em filas assimétricas e aí percebo o quanto o homem pode seguir regras , quando realmente quer.

    Não vi nenhum veiculo fora das marcas, e nem mesmo nenhum deles trafegando pelo estacionamento numa velocidade elevada. Quer dizer, ali, naquele ambiente, parece que todos reconhecem que sem ordem e disciplina, nada poderia dar certo.

    Já caminhando pelos corredores iluminados com lojas e vitrines coloridas, sempre me dirijo ao quiosque que vende um delicioso sorvete de nata com calda de morango e então, tranquilamente procuro um banco estrategicamente situado num dos cantos do corredor principal e fico observando as pessoas.

    Gosto disso. Observo não com olhar de crítica mas sim para aprender e muitas vezes tentar adivinhar o que se esconde por trás daquelas fisionomias descontraidas, despreocupadas e aparentando muito alegria e paz.

    Vi um jovem casal que caminhava lentamente de mãos entrelaçadas. Ela, com uma sainha um tanto quanto curta e um avantajado decote e ele com uma camiseta de malha apertada, deixando à mostra braços musculosos fruto de uma pesada malhação.

   Interessante como as pessoas gostam de mostrar o corpo , dando a impressão de que fazendo assim estariam demonstrando o quanto são bons, superiores e bonitos.

    Não sei se são meus cabelos brancos (minha neta insiste em dizer que são prateados !) mas não consigo entender porque as pessoas valorizam tanto o aspecto físico, deixando quase sempre em segundo plano o lado espiritual e o intelecto. Seria o domínio da vaidade ?

    Passou por mim um casal de idosos, ambos com os cabelos que lembravam flocos de neve. Caminhavam devagar carregando sacolas de presentes que com certeza, imaginei eu, seriam para os filhos ou netos. Nessa fase da vida  os idosos geralmente pensam menos si e muito mais nos outros, principalmente quando tem netos envolvidos.

    Não pude deixar de sorrir quando um rapaz alto e forte saiu de uma loja carregando uma enorme caixa com uma TV dessas bem grandes. Claro que ele aproveitou as promoções mas não teve nenhuma paciência para esperar que a própria loja fizesse a entrega do produto . Existem pessoas que são assim, espertas para aproveitar promoções mas impacientes para esperar a entrega.

    Mas também gostei muito de ver um casal cuja idade beirava os 50 anos , apaixonadamente abraçados. Eles olhavam com olhos atentos uma vitrine de roupas femininas e depois de algum tempo entraram, certamente para que a jovem mulher escolhesse uma blusa ou uma saia mais de perto.

    O detalhe é que ela era loira, bem loira, e ele, negro, bem negro. Não pareciam dar a menor importância a diferença de cor e isso é ótimo. Na verdade, se nosso sangue é da mesma cor, por que essa tolice de discriminar raças ?

    Vi tanta coisa bonita, tanta gente interessante, feliz e vários casais apaixonados que me senti melhor. Até (e ainda bem !) me esqueci da saudade e da pontinha de tristeza misturada com um tantinho de solidão.

    Já tinha terminado meu sorvete e portanto, fui até a loja dos incomparáveis pãezinhos de queijo, comprei uma dúzia e fui para o estacionamento. Como se fosse uma parada militar, os carros continuavam enfileirados, disciplinadamente estacionados, aguardando a chegada dos seus donos para ganhar o caminho de casa.

    Quando bate uma saudade, ainda que seja só uma pontinha, shopping , gente bonita , vitrines coloridas e pãezinhos de queijo operam milagres.....

 

                        ***************




(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 08/01/2011
Reeditado em 29/03/2013
Código do texto: T2716731
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.