PRA LÁ DE BAGDÁ...

Além de folgadão, fanfarrão, falastrão, beberrão e... enjoado pra caramba, ele era também o marido de Cadabra, moça simples, humilde, bonita, discreta e excelente dona de casa.

Naquela sexta, como em todos os outros dias da semana, ele passou dos limites. Depois que saiu da oficina, em vez de ir direto pra casa, foi pro boteco “Copo chujo”, do Zé Bastante, onde ficou enchendo a cara, até altas horas...

Chegou tonto, lá pelas tantas. Vinha corajoso, destemido, valente, como sempre. Movido a álcool, berrou à porta:

_ Abra Cadabra!

Mas estranhamente a porta não se abriu. As palavras mágicas simplesmente não funcionaram! Ele ficou mais valente e gritou de novo. Mas, nada de Cadabra abrir! Então resolveu apelar e pra variar um pouquinho tentou:

_ Abre-te sésamo!

Mas Sésamo não se abriu. Ele pirou geral. Deu um baita pontapé na porta e entrou feito um furacão. Ué! Silêncio e escuridão! Pelas barbas de-não-sei-quem, cadê Cadabra? Cadêcadabra? Hum... Ficou esquisito isso, hein? Mas, enfim...

Ele bem que teria descoberto se não estivesse tão zoado, engrolado, trolado e enrolado. É... Tava pra lá de Bagdá! Nem viu a caixinha vazia de pó de pirlimpimpim e, pregado na Brastemp da cozinha, um bilhetinho em folha de caderno;

_ Fui pra Terra do Nunca... Mais... Addio, amore!