PAI
É incrível como não nos damos conta de coisas aparentemente simples que passam despercebidas durante a vida, e só com o passar do tempo é que lentamente volta em “flashbacks” como se a nos cobrar o fato de não ter lhes dado a devida atenção no tempo certo.
É com o passar das estações que começamos a valorizar aquilo que perdemos ou que pelo menos nem tentamos condicionar a nossa vida, deixando que escapasse como o vento que passa e que não volta.
Atrevo-me a dizer que somos mesquinhos em vivenciar apenas o presente e o que nos cerca, deixando de lado o que aparentemente não tem valor, mas com o passar do tempo começamos a sentir uma falta imensa e nos culpamos por não ter pelo menos tentado dar um pouco de atenção ao que para nós era algo tão valioso e nunca reparamos.
Lembro-me do meu pai com saudades! Tantas vezes presente ao meu lado! Quantas vezes tomamos banho de chuva sorrindo um para o outro! Aprendi a chutar e fazer gol com meu pai sendo o goleiro. Com ele aprendi a pescar e a respeitar a natureza e as pessoas.
Fui crescendo e dando mais importância a outras coisas do que a presença do meu pai. E quanto mais me desenvolvia, mais ficávamos distantes. Talvez por me achar mais livre, mais independente. Meu pai por sua vez, certamente orgulhoso por me ver caminhar sozinho, apenas observava o meu crescimento, conversando comigo vez por outra, sem no entanto demonstrar aquele apego de quando eu era apenas um menino.
Assim, sem que percebêssemos, me vi pai! Orgulhoso pelo nascimento do primeiro filho. De repente comecei a recordar da minha infância, do meu velho sempre ao meu lado a me ensinar, a me proteger, a me cobrar que fizesse o certo para que no futuro eu fosse uma pessoa de bem.
Depois vieram outros filhos. Hoje meus filhos estão adultos. Imagino o que eles pensam de mim, se é que se recordam dos momentos felizes em que fomos mais que pai e filhos – fomos amigos! Será que se recordam de que os ensinei a nadar e andar de bicicleta? Agora adultos, cada um segue seu caminho.
A vida é assim, extremamente cruel, e ao mesmo tempo encantadora e surpreendente. Aquece nossos corações com a alegria da paternidade e depois nos relega ao destino de ver os filhos distantes. Bem sei que criamos os filhos para o mundo e que uma vez que criam asas tornam-se independentes e querem voar. Somos veramente egoístas, na medida de que, quando partem, chantageamos emocionados dizendo que um pedaço de nós se foi.
Meu pai não teve tempo de ser avô. Foi em uma bela tarde em pleno ocaso, numa pescaria com um companheiro de aventuras. Pescava sossegado na sua canoa fundeada na enseada de águas calmas de Itapagipe, apreciando o por do sol, quando sentado de forma contemplativa observava o sol enfim debruçar-se lá para os lados de Itaparica, quando num último suspiro partiu para perto do Senhor.
Espero como derradeira esperança que um dia possa olhar nos olhos dos meus netos e repetir com eles a fantástica experiência de ser pai.
É incrível como não nos damos conta de coisas aparentemente simples que passam despercebidas durante a vida, e só com o passar do tempo é que lentamente volta em “flashbacks” como se a nos cobrar o fato de não ter lhes dado a devida atenção no tempo certo.
É com o passar das estações que começamos a valorizar aquilo que perdemos ou que pelo menos nem tentamos condicionar a nossa vida, deixando que escapasse como o vento que passa e que não volta.
Atrevo-me a dizer que somos mesquinhos em vivenciar apenas o presente e o que nos cerca, deixando de lado o que aparentemente não tem valor, mas com o passar do tempo começamos a sentir uma falta imensa e nos culpamos por não ter pelo menos tentado dar um pouco de atenção ao que para nós era algo tão valioso e nunca reparamos.
Lembro-me do meu pai com saudades! Tantas vezes presente ao meu lado! Quantas vezes tomamos banho de chuva sorrindo um para o outro! Aprendi a chutar e fazer gol com meu pai sendo o goleiro. Com ele aprendi a pescar e a respeitar a natureza e as pessoas.
Fui crescendo e dando mais importância a outras coisas do que a presença do meu pai. E quanto mais me desenvolvia, mais ficávamos distantes. Talvez por me achar mais livre, mais independente. Meu pai por sua vez, certamente orgulhoso por me ver caminhar sozinho, apenas observava o meu crescimento, conversando comigo vez por outra, sem no entanto demonstrar aquele apego de quando eu era apenas um menino.
Assim, sem que percebêssemos, me vi pai! Orgulhoso pelo nascimento do primeiro filho. De repente comecei a recordar da minha infância, do meu velho sempre ao meu lado a me ensinar, a me proteger, a me cobrar que fizesse o certo para que no futuro eu fosse uma pessoa de bem.
Depois vieram outros filhos. Hoje meus filhos estão adultos. Imagino o que eles pensam de mim, se é que se recordam dos momentos felizes em que fomos mais que pai e filhos – fomos amigos! Será que se recordam de que os ensinei a nadar e andar de bicicleta? Agora adultos, cada um segue seu caminho.
A vida é assim, extremamente cruel, e ao mesmo tempo encantadora e surpreendente. Aquece nossos corações com a alegria da paternidade e depois nos relega ao destino de ver os filhos distantes. Bem sei que criamos os filhos para o mundo e que uma vez que criam asas tornam-se independentes e querem voar. Somos veramente egoístas, na medida de que, quando partem, chantageamos emocionados dizendo que um pedaço de nós se foi.
Meu pai não teve tempo de ser avô. Foi em uma bela tarde em pleno ocaso, numa pescaria com um companheiro de aventuras. Pescava sossegado na sua canoa fundeada na enseada de águas calmas de Itapagipe, apreciando o por do sol, quando sentado de forma contemplativa observava o sol enfim debruçar-se lá para os lados de Itaparica, quando num último suspiro partiu para perto do Senhor.
Espero como derradeira esperança que um dia possa olhar nos olhos dos meus netos e repetir com eles a fantástica experiência de ser pai.
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