O Novo
Sob um banco, olhando o céu alaranjado de final de dia. Os pensamentos transcorrem feito água em queda livre; desarrumados, impossíveis de serem totalmente parados, e com um destino certo. Brilha, brilha, apaga. Não se vê mais nada sobre o horizonte, encoberto pelo véu noturno. Eis então a noite, que lembra o tal do passado, enegrecido pelos temores e horrores; que ao mesmo tempo que se lança ao futuro, de que nada se sabe. Sombra, sombra, luar. Sobre o teto infinito do universo, a mente se expande, vagueia pelas galáxias, entre as milhares estrelas, esbarra em alguns sóis, sempre fugindo daquilo que não se deve pensar, pois seria martírio, tortura; tudo para se enganar e esganar as próprias loucuras. Breu, Breu, luar. A senhora lua vigia a grande fuga dos pensamentos, olha através das barreiras que se impõe sobre a verdade com a facilidade que se estoura um balão com uma agulha, e nada escapa dela; obrigado, senhora, pela companhia. Amanhece, amanhece, esquece. No fim da jornada, não lembra, alias, faz por não lembrar. Chega a conclusão de que a insistência ignorante, aquela desprovida de bom senso não vale a pena; e ao discorrer as suas idéias, não deseja mais nada do que novas coisas com que se possa pensar. Dia, tarde, noite, eis então seu novo mundo.