Filósofo, você conhece algum? (I Parte – Santo ou marginal)

A resposta a esta indagação é eminentemente negativa, ninguém afirmará conhecer um filósofo, na melhor das possibilidades dirá que conhece alguém que se diz filósofo. Nem titulo, nem profissão, nem a idade, ou qualquer outro sinal nos dirá que algo ou alguém é um filósofo, porém a primeira distinção que parece permear o ser filosófico é meramente comportamental e oscila entre um pólo e outro, o ser filosófico pode apresentar um aspecto angelical ou um aspecto marginal, o que torna difícil distinguir entre um e outro, mas que todos sabemos seus feitos. O filósofo pode ser um santo salvador, mártir ou então o transgressor, aquele que é contrário.

Caso o filósofo represente o primeiro tipo, tenderá a expressar um intenso niilismo, um transcendentalismo, uma espécie de sofredor dos problemas alheios, um iluminado, além do bem e do mal, enfim é aquele que tem a cabeça e os pés nas estrelas e quase nunca toca o chão, vive no mundo dos homens mas não sente o gostos vaidoso por ele, exercita um romance telepático, e julga que suas atitudes são em prol do outro é óbvio que ninguém sofre absolutamente o mal do outro, mas sim o próprio mal, a existência é pesada de mais para abster-se, e sentir-se um extraterrestre; o que importa é que aquele que é crucificado, é um estranha síntese do bem com o bem, nele o mal nunca aparece, senão como algo sempre desprezível.

Já o segundo tipo, com transgressor, contrário, desviante, é a pedra no sapato, o que não se satisfaz com nada, e que a tudo e a todos critica, o mundo dele é extremamente sério e melancólico, ele esquiva-se das rodas de conversa informal e jamais fala em futebol, novela, carnaval, brega, ou qualquer outra coisa comum que satisfaz o ego cotidiano, sua religião é a ciência, e em tudo tem sempre razão; faz a todos a sua volta sentirem-se medíocres e vazios, mas no fundo ele próprio sofre o peso de caminhar do lado oposto, longe de ser santo admite que sua condição terrena, olha a tudo e a todos com tanta lucidez que assusta todo o gênero humano que precisa de uma dose de engano para não sentir nem de muito longe o gosto daquilo que se pressupõe ser sua realidade; ele não morre e jamais morrerá pelo mundo ao contrário o mundo deverá morrer por ele; ele consegue olhar com frieza os males da humanidade, pois sabe no fundo que o bem só se da pelo mal necessário, e se é possível o bem, este só o é após a perfeita redefinição racional daquilo que é mal, pois ele sabe que é dele que advém todo o bem possível.

Filósofo ou não filósofo? você conhece alguém que se diz ou aparenta santo, ou conhece alguém se diz ou aparenta um transgressor?

nelson rodrigues corrêa
Enviado por nelson rodrigues corrêa em 07/01/2011
Código do texto: T2713887
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