"ELES" CONTRA O TEMPO

“ELES” CONTRA O TEMPO

(Autor: Antonio Brás Constante)

Os políticos são tão confiáveis quanto à previsão do tempo. Em época de eleição se apresentam como a primavera. Encantadores. Sedutores. Prometendo um mundo florido se eleitos.

Muitas vezes suas promessas são de um outono repleto de pomares frutíferos. Com deliciosas e suculentas iguarias que somente a sua gestão poderá fornecer. Pena que todo este mundo encantado de suas promessas exista somente durante o período eleitoral.

Uma vez eleitos passam a representar climas mais inóspitos. Alguns chegam como os tufões, destruindo vidas e levando tudo que encontram pelo caminho. Outros agem como as tempestades de granizo, atirando pedras para todos os lados.

Por mais abundantes que sejam as verbas públicas, dificilmente veremos algum deles fazendo “chover na nossa horta”. Pois quando mandam um pouco de água, ela já vem superfaturada e barrenta.

Eles costumam molhar a mão de alguns, visando conseguir apoio em suas maracutais. Porém, deixam a grande maioria no seco, comendo poeira e bebendo o próprio suor do rosto. Em suas mãos o dinheiro público voa como as folhas em um vendaval. Sendo levado sempre para o mesmo lado. Ou seja, para uma conta numerada em algum paraíso fiscal.

Infelizmente, os políticos em geral conseguem transformar um solo fértil de sonhos e esperanças, em um imenso lamaçal de corrupção. Dizendo com a maior cara-de-pau que aquele pantanal é na verdade um belo lago azul.

Escondem-se atrás das nuvens da burocracia, abandonando a população totalmente a deriva em meio a uma violenta tempestade de miséria, fome e violência, que são geradas em grande parte graças à roubalheira de verbas, que por eles é praticada.

São frios como a pior nevasca, deixando-nos a mercê das baixas temperaturas provocadas pela sua falta do calor humano para com seus semelhantes.

É impressionante de se ver como os candidatos conseguem parecer sempre tão angelicais nas campanhas eleitorais. Porém, uma vez eleitos, tornam-se insuportáveis como uma sufocante onda de calor. Onde suas promessas de maravilhosos sorvetes e refrescos tantas vezes discursadas, acabam ganhando um gosto amargo, como se estivéssemos experimentando algum tipo de picolé de chuchu, que se derrete frente aos desafios, nos deixando apenas com o palitinho na mão e com cara de quem foi iludido.

Os políticos são como as estações. Talvez então o melhor candidato à presidente do Brasil fosse São Pedro (patrono do tempo), que com seus vastos poderes climáticos poderia finalmente melhorar o clima deste país. Quem sabe até iluminando a cabeça de muitos políticos de forma literal, lançando raios fulminantes nos mesmos. O Pedrão (com sua experiência de síndico do céu), seria um dos poucos capacitados para dar jeito neste dilúvio de lama em forma de corrupção que assola o nosso cenário político.

Enfim, já que não existe maneira de se votar em um santo para comandar o Brasil, a grande maioria do povo resolveu depositar suas esperanças novamente em um senhor de barbas brancas, jeito paterno e ar inocente, para continuar governando a terra do futebol. Talvez seja hora de muitos pararem de torcer contra, passando a colaborar de forma positiva para o desenvolvimento do país. Pois somente com a ajuda de todos, a nossa nação terá chances de acertar o seu rumo, fazendo com que mais brasileiros também possam almejar um merecido lugar ao sol.

(SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 23/10/2006
Código do texto: T271266