Casamento à Moda Antiga
Laura estava descontrolada. Os últimos preparativos para
o seu casamento deixaram-na com os nervos à flor da pele. Claro que estaria assim pois Laura era moça reservada daquela época em que só se namorava por acaso. Conhecera Tonho numa festa de Reis e só se olharam de longe: Ele para ela, ela para ele e já se gostaram. Nos bailes de roça, quando se encontravam, dançavam assim de longe e sem trocar nenhuma palavra. Terminada a música, cada um para o seu lugar.
Os pais de Laura, desconfiados do interesse da filha, de vez em quando convidavam o moço para jogar truco na casa deles. Nessas ocasiões, Laura fazia um café, levava na sala, ficava por ali até que o pai olhando-a de esguio, raspando a garganta. Já sabia. Era hora de se retirar.
Agora dá para entender o motivo da preocupação da noiva naquele dia de maior suspense de sua vida. O dia do seu casamento.
Corinta, a madrinha, compreendia perfeitamente a situação embaraçosa de Laura e procurou ajudá-la. Além de madrinha, foi ela também que costurou o lindo vestido branco e teceu a grinalda de flores.
O casamento foi realizado em casa logo após a chegada do noivo, que viera a cavalo, seguido de centenas de convidados. Após o padre dar a bênção, os fogos e tiros de revólver, cumprimentaram os noivos. Em seguida, mais cumprimentos sob a chuva de flores, jantar e o pagode . Claro que os noivos deixariam a dança hora que quisessem. Laura foi ter-se com a madrinha, dizendo: __Madrinha... eu... não tenho coragem de deitar com aquele homem!
Corinta então ensina:
__ O que é isso, Laura? Você é uma moça ativa e não vai agora dar fiasco, vai?
__ Mas eu não sei o que faço! – disse a noiva quase chorando.
__ Olha, __ aconselhou a madrinha __ Você vai para o quarto antes dele, vista sua camisola e deite. Assim é mais fácil. O resto deixa por conta dele. Ouviu bem?
Assim fez Laura.
Passado algum tempo, Corinta, resolveu ir até o quarto para ver como estava a sua afilhada. Deu uma batidinha na porta e entrou devagar. Grande foi o seu espanto ao ver Laura bater sentada na cama, enrolando -se toda na colcha branca de cetim. Tinha o olhar apavorado como se estivesse vendo um fantasma. Corinta, perplexa, perguntou:
__ Mas o que é isso, menina?
Laura, muito trêmula, respondeu:
- Ai, madrinha! Eu achei que já era!...
Águeda Mendes da Silva