TÚNEL DO TEMPO
TÚNEL DO TEMPO
Autor José Mauro Cândido Mendes
No corre corre da cidade grande, o homem com sua pressa acelera sua velhice tão depressa.
Com batimentos cardiácos acelerados extrapola os limites da tolerância do seu físico.
Vai na correria a desviar por entre carros, motos, pessoas, camelôs, calçadas , prédios, lixos...
Sem cor, sem amor, sem pudor - com a dor do stress, do desamor...
O homem busca forças no vai e vem do seu dia , na esperança de encontrar o que há muito procura - a paz interior.
A metrópole não para. Vai do raiar dos dias à solidão das noites. Num passar repentino do tempo, o homem num pesadelo outrora, não dorme. Adormece!
Do abandono do seu lar, atira-se a vagar pelas ruas frias e imundas do progresso impiedoso que deixa marcas indeléveis nos rostos anônimos que transitam velozes pelos caminhos barulhentos do trânsito caótico e nervoso.
Passam-se os tempos num rompante a golpear taxas de juros, o sobe e desce das bolsas, o comportamento das commodities, o preço do petróleo, inflação, balança comercial, superavit primário... Ficam para trás apenas vestígios, rastros de um passado - quem puder que acompanhe.
E Deus em sua infinita bondade, elege como ser pensante, - o homem, ser criativo, rebelde e capaz de superar os seus próprios limites, um desafiador de seu semelhante.
Com evolução do homem e sua inteligência produtiva inventou-se com a ciência tecnológica, a máquina. Verdadeiros computadores, inventos incríveis. Robotizados os homens passaram apenas a comandar sedentariamente e num ritmo alucinante os seus "filhos".
E na máquina do tempo o homem embarcou em velocidades supersônicas, transpôs barreiras que não puderam ser contidas nem pelas dores que em seu corpo ficaram.
O desafio agora é superar o vazio que ficou e aceitar as distâncias que ficaram entre o homem, a máquina e a família.
Quase sem dialogos, os anos voam, famílias tentam se unirem em cada novo ano que se inicia, na busca incessante e esperançosa de verem superados os obstáculos oriundos da vida enclausurada vivida nos arranha-céus e condomínios fechados a que estão sujeitos na vida moderna.
Por detrás de vidraças encortinadas, por entre frestas disfarçadas, o homem em seu silêncio assiste, mais um capítulo do túnel do tempo!
janeiro/2011