O soturno
"No sujo e desolante cômodo, cadeiras jogadas para ninguém, e no canto um sujeito, desses misteriosos, vindos do submundo que não se fala; encostado sob a parede, com as mãos dentro dos bolsos de seu surrado paletó. Um pouco de fumaça, uma luz de relance no centro do teto enegrecido pela sujeira do descaso. Rompendo o seu luto, diz:
- Não se fazem mais acordos como antigamente.
E no calar de sua fala, a sombra dos tratantes sobre o chão, paralisados pela sombra soturna da morte, agora iluminados pelo brilho inquieto da lâmpada.
- Não se fazem mais tratantes como antigamente... Tsc, não se faz mais nada como antigamente.”