FOLIA DE REIS

Amanhã é dia dos “Santos Reis” Gaspar, Melchior e Baltazar, comemoração de origem portuguesa trazida para o Brasil desde os primórdios da colonização. O costume é muito comum mormente no interior, onde as “Folias de Reis”, ou “Ternos de Reis” desfilam pelas ruas das cidadezinhas em grupos compostos por três figurantes principais (os Reis Magos), executando cantorias, dançando ao som da viola, cavaquinho e do batuque das caixas, levando alegria e entusiasmo às residências visitadas.

Ao contrário dos Reis Magos, que ofertaram presentes ao Menino-Jesus, os componentes das “Folias” costumam recebê-los dos donos das casas visitadas para finalidades filantrópicas, exceto as comidas e as bebidas fartas que são dadas aos foliões e consumidas por eles ali mesmo. E tome cachaça, animação e cantoria! ...

O “Capitão” lidera o grupo, pede licença para entrar na casa visitada e entoa a canção da chegada. O “Bastião”, mascarado e usando uma espada, sai dançando ao som do batuque, levando alegria por onde passa a folia.

O grupo de cantores começa com o “Mestre”, o “Ajudante”, “Contrato”, “Tipe”, “Retipe”, “Contratipe”, “Tala” e “Finório”, nomes dados aos cantantes e à organização de vozes em tons e contra tons (primeira voz, segunda voz, terceira voz, etc), cujos sons emitidos chegam num coro bem agradável aos ouvidos.

O “Mestre” inicia o canto, os outros repetem os versos, cada qual na sua voz, acompanhados pelos instrumentos musicais, viola, cavaquinho e caixas surdas. A toada prossegue, o povo dança feliz, ri e chora de alegria e o pau quebra até alta madrugada, quando todos, de bucho e caras cheias de manguaça, procuram exaustos as suas casas para um sono reparador.

No Rio de Janeiro, estado onde a tradição portuguesa é muito forte, esses festejos começam no dia 06 (seis) e vão até o dia 20 (vinte) de janeiro. Aqui nas nossas Minas Gerais as “Folias de Reis” terminam mais cedo, todavia é grande o entusiasmo e a participação do povo, principalmente no interior do estado.

Quando criança, na minha terra natal, o Cedro querido, eu costumava acompanhar esses grupos junto à minha Vó Fela, a qual batucava e cantava como ninguém. Quando rapazinho, seguia atrás do pessoal com alguns amigos, mais interessado na paquera das moçoilas do lugarejo. Agora, na maturidade, sempre que posso vou até lá para apreciar os folguedos e matar a imensa saudade que me aperta o velho coração.

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B.Hte., 05/01/11

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 05/01/2011
Reeditado em 06/01/2011
Código do texto: T2711606
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