O BANHO DE PICHE

     Morava eu nos idos de 1960 em Cruz Alta, com 13 anos de idade então, porque ali o meu pai, Germano Schäffel, servia ao Exército em unidade daquela cidade. Nunca mais esqueci de um fato ocorrido naquela cidade, quando eu estudava no Colégio Antonio Sepp. Minha casa ficava a uns três quilômetros de onde eu estudava.Tinha eu uma bonita e nova bicicleta que servia para meu deslocamento.
     Em um dia como outro qualquer ia pedalando quando tive que dobrar uma esquina em direção à escola. Era um detalhe que fazia todos dias, porém aquele fato tornou-se diferente naquele dia, pois a prefeitura havia começado a asfaltar aquela avenida e eu sem me dar conta comecei a andar sobre o asfalto, mas por pouco tempo, pois o asfalto recém havia sido ali colocado e ainda estava mole e quente, com uma fina camada de areia. Naquela época o asfalto não era misturado com brita. Não deu tempo nem para eu refletir sobre o erro de ali passar, pois já havia começado a escorregar e deitar-me literalmente sobre aquele quente asfalto, aquela massa mole e pegajosa. O susto foi grande, comecei a me levantar e quanto mais tentava sair dali mais tudo me colava nos pés, no pneu da bicicleta, etc. Mas o curioso e hilariante viria acontecer, simultaneamente, o meu colega que sempre ia junto em sua bicicleta vinha logo atrás e também repetiu toda minha história, fez com que eu embora vivendo uma tragédia de guri me visse obrigado a rir, tive um acesso de riso, da situação dele, pois ele repetira tudo que passei sem poder estancar a situação. Após nós dois sairmos iguais daquela situação, totalmente “pichados” fomos obrigados a voltar para casa apavorados com o ocorrido. Com os pneus colando no chão, a capa do banco da bicicleta, bonita, vermelha e com franjas, que se vendia na época, tudo perdido ocasionado por aquele fato. Chegando em casa passei a tirar a roupa, sapatos, e um bom banho de gasolina para chegar aos mínimos detalhes de limpeza, depois passei a cuidar o assunto bicicleta, rodas, banco, pedais então nem se fala.
     Refeito, preparei-me novamente para voltar a escola, para chegar em tempo de um segundo período. Naquela época esperava-se na secretaria educada e silenciosamente até dar o sinal. Mas mais uma situação hilariante viria a acontecer, meu colega de sinistro, surpreendentemente aparece na porta da secretaria e ao tentar contar para a secretária a sua história me viu e, simultaneamente, começamos a rir de forma que não dava para segurar o riso, pois um via o outro caindo. Ele segurava a sua pasta e balançava na frente do corpo e ria. Mas a cena para mim como desfecho não poderia ser mais engraçada, pois além de tudo aquilo, ele aparece com o mesmo sapato e com uma grossa camada de piche.
     Aqui termina a história do banho de piche com a imagem do seu sapato e muitas gargalhadas embora tentando segurar. 


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Valter Jorge Schaffel
Enviado por Valter Jorge Schaffel em 23/10/2006
Reeditado em 08/01/2007
Código do texto: T271129