O jogo

Fazia diversos joguinhos para colecionar corações, tenho todas as peças guardadas na memória. Antes eu poderia dizer que jogava para acariciar meu ego, mas hoje sei que não se tem ego com tantas e tantas rachaduras no peito. Eu achava divertido jogar, as coleções me serviam de escudo, eu brincava, pulava, pintava e bordava, sem nenhum arranhão no fim, sem sofrer quedas. Porém, não gostava de jogar com quem verdadeiramente me importava; era contra as regras. Eu correria grandes riscos de esquecer-me do objetivo do jogo e quebrar a regra principal, que era não cair; não me arranhar. Quando apareciam pessoas assim, eu apertava “pause” no meu jogo. Por mais jogador que fosse, queria viver de verdade; sentir. Tentava até certo ponto, mas depois via que era mais viável continuar a jogar. “Start” para mim mais uma vez.Mas meu jogo acabou, não consigo mais jogar ,não sou mais um viciado,estou liberto, porque eu encontrei o que me libertasse .

Bebeto Martins
Enviado por Bebeto Martins em 05/01/2011
Código do texto: T2711089
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