Ainda não foi à Bahia? Então vá, mas de avião, viu?

Ignorei o conselho do filho mais novo, para que eu fosse a Porto Seguro, de avião.Sou muito teimosa e preferi fazer a viagem junto com muitas amigas de viagem ...e de ônibus!! O Buzão era confortável, sem dúvida: ar condicionado, poltrona leito, travesseirinho, manta colorida. Dois andares, fui no de cima, sanitário embaixo, altos degraus entre os dois. Um ótimo exercício para as panturrilhas e joelhos. Não tenho a mínima idéia de quantas vezes subi e desci aquela escada, durante as... vinte e oito horas de viagem! Dá para imaginar o que seja isso? Sem dúvida uma aventura em subir pelo Estado de S.Paulo, atravessar Minas de sul ao norte e chegar às terras baianas. Um teste de resistência em ficar parado, também. No andar de cima, o ônibus balança suavemente, é relaxante, lembra o balangar no ventre materno...o soninho chega e como se dorme, a qualquer hora, pela manhã, à tarde ou à noite! Uma beleza pra quem gosta de dormir. muito..

Faz de cinta que já chegamos em Porto Seguro, local histórico, tem a ver com a chegada dos portugueses...”e foi descoberto o Brasil...”a primeira missa, o Monte Pacoal, a “terra chã e mui fremosa que, em se querendo aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”... foi o escrivão da esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha que redigiu isso, naquelas letras enfeitadas todas..As tradições lá são mantidas, há índios vestidos a caráter por todos os lados, vendendo colares, brincos, pulseiras e caneleiras de penas coloridas. Tapioca não falta e nem o preconceito, a discriminação. Visitei a igreja “dos ricos” e a dos pobres. Interessante, o Cristo era o mesmo... O berimbau exibido era o próprio da África. Não houve como resistir ao ritmo e entrei lá, a bater pauzinhos com um exímio dançador. Depois, um artista passa o chapéu, porque não há patrocínio nem da prefeitura e nem de particulares, para manter essas tradições.

Tudo isso é muito lindo e há “muito lindo” por todo Porto Seguro. Agora, se você ama, como eu amo, tomar banhos de mar... Porto Seguro não serve, serve, a não ser na praia de Trancoso e mais uma com nome estranho. Não há praia por lá, sabe, querido leitor, apenas uma faixa estreita, de um ou dois metros de areia, muito em declive. Nem para longas caminhadas se presta a “praia”, porque dói o pé, de tanto andar em superfície inclinada.

Quando você for a Porto Seguro, visite, com tempo, o Arraial D’Ajuda. Bonito demais, com as casinhas pintadas em cores harmônicas, muita tradição, comércio não explorador de turistas. Há vestidinhos leves, de verão por apenas R$10,00. Comprei 8 que, assim, refaço meu guarda-roupa...

Lá na cidade, onde nos hospedamos, é raro encontrar alguma banca de jornal e eu queria ler tudo dali. Foi a gentileza de um funcionário do hotel que me comprou A Tarde, jornal mensal da Bahia e do Espírito Santo e um local “Topa Tudo”, que circula aos sábados. Li só o velho, porque no sábado, viajei de balsa e deixei pra lá.

Do que pude ver e viver, em 10 dias, desaconselho aos não jovens a gastarem tempo nas chamadas “barracas de apoio”... É “axé”com milhares de pessoas se esbarrando e, no palco, um bando de dançarinos/as estimulando o sexo. No meu tempo não se precisava disso, mas, hoje, lá eles tentam se divertir, bebendo muito... Pelo anverso, em cada esquina há uma igreja... No réveillon, visitei a católica e a minha querida Batista, com cantos lindos!.

Amo caminhar pela manhã,bem cedinho e fiz isso lá, conversando com pessoas bem simples, que varriam as ruas, lavavam as calçadas dos hotéis, esperavam nos pontos de ônibus.. Há muita pobreza por loa, como, aliás, por todo o Brasil, mas, entendi a magia que há no coração dos baianos. O clima quente favorece os sentimentos quentes, a sexualidade, a música popular fácil de dançar e o baiano pobre não desiste de ser feliz, mantém o bom humor e a gentileza no trato. Amei a alma baiana! Mas, vá de avião, porque ainda não me acostumei a sentar-me em cadeira quieta e andar em chão firme.Continuo balangando” e... baianamente! Ajude o Brasil e a Dilma, Senhor do Bonfim!

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Daidy Peterlevitz
Enviado por Daidy Peterlevitz em 05/01/2011
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