(Pré) Conceitos, Casamentos, Cerejas & A fórmula do fracasso Completo
Casamento é uma merda. Quem discorda disso provavelmente é solteiro, casal recente, ou não foi casado por tempo o suficiente para constatar o senso geral. Casamento é uma merda porque foi criado para assim o ser.
Consensos... e (pré) ...conceitos. Quantos defeitos adquirimos, sem perceber, em um pacote pronto, fechado e que, tradicionalmente, não suporta variações? Não suporta... mas, por quê? Quem foi que disse como um casamento é, deve ser ou deixar de ser? A sociedade? Ah, a sociedade... e seus planos maquiavélicos para nos mediocrizar!
Maquiavélicos e, como ele, infalíveis! Não importa o quão aberta sua mente julgue ser, a liberdade -de qualquer coisa- é uma utopia e, como tal, não passa da teoria à prática sem que grande parte de sua essência seja perdida no processo.
O casamento, ou melhor, a união tradicional a qual associamos ao termo, não precisa ser assim. Mas deve. E deveres não consideram prazeres, limitações ou necessidades. E, infelizmente, ser feliz, não consta na lista de deveres... Lamento.
Até existe uma "pseudofelicidadezinha" ornando o tal pacote, feito uma pequena cereja -solitária, perdida- sobre um imenso bolo de outros sabores, mas, é uma felicidade limitada, uma cereja só... É bom que seu apetite seja pequeno e seu paladar, facilmente saciável, caso contrário, seu bolo, aquele que você come todo santo dia -ou, o que é bem mais provável, apenas em dias de festa- tornar-se-a um tanto insípido... e não haverá merengue que de jeito nisso! Se você quer uma cereja, você quer uma cereja, e nada irá lhe satisfazer, a não ser, o quê? UMA CEREJA! Oras... Não há placebo para isso!
Muitos acabam abrindo mão de sua tão desejada cereja e acostumando-se ao conforto de ter um bolo para chamar de ser, mesmo que esse já não seja lá, tão apetitoso quanto fora um dia. Mas aqueles raros indivíduos que optam por exigir suas cerejas extras, precisam ter um punhado de coragem e determinação ante ao eco de toda uma sociedade, séculos de complacência e hipocrisia, lhe dizendo um sonoro e ecoante "NÃO".
Quem arrsica-se por uma felicidade autêntica precisa, antes de qualquer coisa, desvincilhar-se das amarras moralista que contornam a "vida padrão" -e elas sabem ser bem apertadas! Em outras palavras, é preciso aprender a devolver o "não" implícito com um enfático "FODAM-SE!" Especialmente quando o assunto envolve sexo (e quando é que não envolve?).
As únicas opiniões que devem ser levadas em consideração quando tomamos alguma decisão relevante em nossa vida íntima -e quando falo íntima, não me refiro somente àquilo que se faz quando nu, mas, sim, e principalmente, àquilo que se faz por motivações afetivas- são as oriundas de quem amamos. E essas, mesmo que relutem um pouco para libertar a própria mente daquelas mesmas amarras, no fim, sempre entendem. Pode parecer (ou ser, de fato) piegas, mas...
...quem ama de verdade quer a felicidade plena do ser amado e não uma ilusão constante que na primeira variante foge aos dedos.
Casamento é uma merda quando se aceita que ele assim deve ser. Quando se dá mais ouvidos às vozes que vem de fora do que àquelas que ora sussurram ora gritam, sufocadas, do lado de dentro. Lealdade não é sinônimo de monogamia. E monogamia não é sinonimo de amor, e este, por sua vez, não é sinônimo de coisa alguma - o amor é uma coisa louca, sobre a qual não temos poder algum, e da qual podemos tirar um estoque infinito de cerejas quando nos permitirmos tatear um pouco além daquilo que nos ofertam em pacotes. Muitos são os que ignoram, poucos os que querem, e raros os que estão realmente preparados para isso.