Nuvem Negra nos quintais!
Não faz muito tempo, naqueles dias em que os quintais tinham vida própria, as árvores floresciam para doar frutos, a vida corria pelos caminhos no formato de patinhos, pintainhos, peruzinhos, e, tantos outros filhotes. Lá, onde a imaginação brincava e se expandia. Bem, caro leitor, sem dúvida, em um local semelhante a este, povoado de vitalidade que, um tal inglês, o jovem James Hilton sonhou o seu Shangri-lá.
Enfim, nada me tira da cabeça uma idéia. E, olha ainda hoje, ela está arraigada dentro de mim; a de que: os quintais das nossas casas no interior paulista serviram de inspiração para o ideal do “mundo perdido” em tantos livros de ficção cientifica proporcinando estrondoso sucesso a todos os seus escritores e cineastas.
Voltando ao meu Shangri-lá.
Nuvem Negra corre pelos quintais. Penas de filhotes são encontradas pelos cantos ainda inexplorados. Avizinha a morte trágica, aquela que se camufla por trás das árvores para agarrar os incautos e rasgá-los através dos dentes afiados!
Nuvem Negra ronda com sua sombra maléfica. Ruídos se fazem ouvir. Mais uma morte é contabilizada. Choro e ranger de dentes!
Os dois homens conversam despreocupados, enquanto as meninas brincam na casa da árvore.
_Alice! Alice venha cá!
Minutos se passam.
_Filha, presta atenção no que mamãe vai lhe falar.
A mulher ainda jovem mostra a preocupação nos sulcos recém formados em um rosto bonito.
_Diga para a Maria não falar para o homem sobre a morte trágica dos nossos filhotinhos. Você se recorda da conversa que tivemos sobre a Nuvem Negra...
_Lembro sim, mamãe!
_Então vá e fale para ela não contar nada.
Alice uma menina tímida, despreocupada da vida, tida até, como diferente por seus familiares, por ser quase impossível ouvir a sua voz, tamanho é o silencio incrustado no seu peito, dispara a gritar:
_Maria, Maria, Maria... A mãe falou para você não falar para o homem que a Nuvem Negra come pintinhos.
Latidos se ouvem.
_Então; é por isso, que você não quer ficar com a cadela, Nelson!