Lembranças
As vezes parece muito tempo, outras parece que foi ontem que comecei a viagem, vi tanto e tanto tenho para ver, aprender, conhecer...O destino tenho vaga idéia ,o dia de chegada pode ser hoje, amanhã, daqui alguns anos, espero que muitos.
Minha primeira lembrança me leva à uma menina que fui na infância, brincava num desterro onde as damas que marcavam a altura da terra retirada era meu escorregador, gostava de pipas, peteca, bola de gude, pião, mas meu brinquedo preferido era mesmo o carrinho de rolemã. No meio dos moleques se diferenciava pelos cabelos longos, lisos, levemente tingidos pela terra vermelha.
Dias de chuva brincava de pegar granizo tentando inutilmente guardar ou brincava de bola de sabão, as bolas coloridas estourando no primeiro obstáculo como muitos sonhos depois.
Maldade não havia, a maior era fazer cobras de pano, amarrar uma linha esconder no mato do outro lado da rua, à noite esperava as mulheres passarem, puxava e os gritos vinham junto com a risada contida e a inevitavelmente bronca dos pais.
As formas de mulher...a inocência se afastando, as paisagens se transformando...
Olho pela janela do tempo, vejo dentro do corpo de mulher aquela menina viva, cheias de vontades e sonhos.