Célula doente
O planeta adquiriu a doença de Parkinson.
Cidades litorâneas têm sofrido assédio de Posseidon que as tem encharcado com a saliva salgada de sua enorme língua.
A célula cósmica onde vivemos vem sofrendo mutações, alterações provocadas pelo mau funcionamento de alguns cromossomos, também denominados “seres humanos”.
O homem tem agido como erva daninha, como o vírus HIV, que procura a todo o momento sufocar e exterminar o mundo onde vive, ignorando que é desse mundo que ele extrai alimento, energia, vida.
Terremotos e tsunames são respostas desagradáveis de quem vem sofrendo açoites, como dor de cabeça, azia e ânsia de vômito são comuns aqueles que naufragam em oceanos etílicos.
As indústrias petrolíferas se tornaram vorazes carrapatos que ferroam a crosta terrestre e sugam as hemácias negras e oleosas que circulam - com alguma finalidade vital - nas entranhas do nosso planeta!
O desmatamento segue imponente sob os olhos míopes e sonolentos do governo.
A atmosfera foi tomada por monóxido de carbono.
Gigantescas chaminés industriais apontam para os céus como baterias antiaéreas e bombardeiam o espaço com nuvens tóxicas que para os silvícolas são verdadeiros S.O.S de fumaça.
Lamentavelmente só os mais simples compreendem esses sinais de fumaça. Os mais intelectualizados não conseguem compreender essa forma rudimentar de comunicação.
E assim prossegue a humanidade, conquistando conhecimento, tecnologia, mas sem saber o que fazer com o que sobra, com os resíduos, com as conseqüências.
Quando o bípede pensante, detentor de extraordinário intelecto, conhecedor de muitas ciências, compreender e pôr em prática que o presente só deve ser executado quando o futuro for minuciosamente avaliado. Aí o mal de Parkinson será erradicado do planeta, Posseidon aquietará sua língua e voltará a ser somente um ser mitológico, conseqüentemente os escombros não mais existiram muito menos navios atracados em avenidas metropolitanas.
Forte abraço e muita paz.