À Justiça!

Hoje aquela porra de moleque está lá estirado sozinho numa cela e eu aqui bebendo cerveja, como meu direito, às 22:11, tendo incríveis crises de consciência profissional, tendo amanhã uma audiência voraz na tentativa de cumprimento da Justiça, a tão almejada Justiça de todos os tempos.

Preciso soltar, segundo a Justiça, “odiosos narcotraficantes”, que na verdade não passam de crianças sem infância, sem alguém para lhes indicar livros a lerem, que porventura as interesse, e obviamente as interessariam, porque, por experiência pessoal, bons livros mudam muitos rumos de vidas!

E não é com cadeias e reclusões que se educa. É sabido há tempos!

Estou mal de saúde. Tenho 89 anos de idade, mas ainda não me cansei de me martirizar vendo a dor de crianças vítimas de tudo: família, parentes, Estado, perdendo o que tive à fartura, a infância e seus regozijos, seus prazeres. E ver uma criança assim, presa, chorando, clamando numa cela vazia que ao menos lhe deixem dormir acompanhada pela mãe, porque teme escuro e solidão, é duro! E mais duro ainda é ver o Estado e aquietar diante tais circunstâncias e argumentos verídicos!

É revoltante ver a inércia do Estado Democrático de Direito! É aviltante!, repugnante e me causa asco e consequentemente ânsia de vômito!

Vomito diante tudo isso, quando os verdadeiros criminosos vomitam devido à ingestão excessiva de bom uísque importando 20 anos ou mais, sabe-se lá...

Repito, mesmo diante tantas intempéries, é indigno o Estado Democrático de Direito manter uma situação dessas! Caso contrário, tenha a hombridade de ao menos cobrar taxas menos abusivas de impostos! Ou, como dita a historia, um dia o Estado ruirá, como declina, por debaixo do pano, apodrecendo-se lentamente..., a olhos nus, inertes, esbugalhados e..., e..., ainda silentes...

Savok Onaitsirk, 29.12.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 04/01/2011
Código do texto: T2708353
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