Carta ao Capitão Menino que lutava contra o mar.
Caro Capitão,
Eu que por vezes me encontro à deriva tive que retornar. Apesar de navegar sem rumo com certa freqüência, aprendi a focar quando a volta torna-se necessária e, parte disso, descobri ao observar seu comando em busca de resultado. É capitão, “se uma teoria não consegue fazê-lo, então é hora de procurar outra que o faça”. Disso recordo bem. Um amigo precisaria ver os seus, receber abraços: pronto fiquei e ainda estou.
Bateu no casco da minha embarcação, uma mensagem engarrafada, trazida pelas ondas modernas, com relatos sobre seu aprendizado no mar. Coloquei-me a refletir sobre os castelos, ondas espalmadas, a maré louca do passado. Confesso que chorei contigo, afinal, parte do que admiro em ti fora construído sob a regência do seu comandante.
Amigo Capitão, na tristeza deste dia, eu nada poderia fazer nada além de compor o pelotão de frente. Sei muito bem que, por mais que as palavras fugissem, seu olhar permanecia seguro e feliz ao perceber a lealdade da tropa que muito acredita e confia em sua força.
Capitão, algumas coisas que não sabe gostaria de dizê-lo: conhecia muito bem o seu comandante e várias das suas virtudes. Sim, o conhecia, e assim te explico: o sorriso constante e sincero, o amor ao próximo, o bom pai que pode ser, o amigo, o humano, enfim - vejo tudo isso em ti e agora sei que não é por acaso. Viveu e aproveitou bem seus exemplos e agora é a nossa vez.
Digo nossa vez porque nunca se sabe se é cedo demais para partir e qual será o dia do “tal agora”. É certo que o período em que lutou para prolongar a fase que terminou não foi em vão, mas saiba: realmente, o bom comandante sorria. Não do menino, mas para o menino com uma satisfação infinitamente maior por senti-lo capaz de comandar. Ver seu aprendiz lutar, sugerir, acordado em busca de explicações e de resultados é o que todo comandante quer para seguir feliz, realizado.
As poucas palavras e os simples olhares serviam apenas para indicar que ali, naquele quarto, naquele ciclo, ainda era dele o comando. Quem lidera sabe o momento exato para se importar com a própria dor, para velar o sono de uma criança, sabe a importância do próximo que descansa, sabe a hora de partir. Pode até não estar certo, mas busca a melhor solução e decide. Você decidiu e fez o melhor que poderia.
Agradeço pelo dia de hoje. Não pela tristeza e sim pela oportunidade de manter-me em forma para aproveitar tudo que nele aprendi. E te digo: se for para eu escolher, terei alma de marinheiro para espalhar amor, admiração e respeito em todos os lugares que eu aportar, afinal, tudo isso é o melhor que podemos ter e fazer em nossas vidas porque, sempre que o corpo parte, o que somos fica . A gente não leva. O comandante estará entre nós.
Então sigo feliz por conhecer tantas histórias que fazem parte do amigo que tenho. Como foi importante saber do dedo roído, do pai querido e do mundo por ele idealizado. Aprendi com a bondade das ações que foram relatadas. Já que o corpo Saveiro precisou seguir para uma nova jornada, ficou para a gente as próximas pescas e as cargas pesadas. Arregar não nos é permitido.
Amigo, o mar não venceu. Sua verde água só recebeu um belo presente a ele entregue. Chorou conosco pelas súplicas e preces, mas sabe que embarcação é assim: cumpre as determinações do seu comandante. Por fim, deste mundo que percebo nada saber, pessoas como o Comandante Gentil serão infinitos para que, pessoas como eu, possam perceber o quanto podemos e devemos ser bem melhores. Marinheiro acredita ser doce morrer no mar, nas águas verdes desse imenso mar de gente que ama. Capitão, é o mar quem agradece.
O comandante só descansou quando o foi permitido. Disso não tenha dúvida.
Parabéns pela bela família.
Sargento Quito, não mais Soldado
Alexandre Menezes
Caro Capitão,
Eu que por vezes me encontro à deriva tive que retornar. Apesar de navegar sem rumo com certa freqüência, aprendi a focar quando a volta torna-se necessária e, parte disso, descobri ao observar seu comando em busca de resultado. É capitão, “se uma teoria não consegue fazê-lo, então é hora de procurar outra que o faça”. Disso recordo bem. Um amigo precisaria ver os seus, receber abraços: pronto fiquei e ainda estou.
Bateu no casco da minha embarcação, uma mensagem engarrafada, trazida pelas ondas modernas, com relatos sobre seu aprendizado no mar. Coloquei-me a refletir sobre os castelos, ondas espalmadas, a maré louca do passado. Confesso que chorei contigo, afinal, parte do que admiro em ti fora construído sob a regência do seu comandante.
Amigo Capitão, na tristeza deste dia, eu nada poderia fazer nada além de compor o pelotão de frente. Sei muito bem que, por mais que as palavras fugissem, seu olhar permanecia seguro e feliz ao perceber a lealdade da tropa que muito acredita e confia em sua força.
Capitão, algumas coisas que não sabe gostaria de dizê-lo: conhecia muito bem o seu comandante e várias das suas virtudes. Sim, o conhecia, e assim te explico: o sorriso constante e sincero, o amor ao próximo, o bom pai que pode ser, o amigo, o humano, enfim - vejo tudo isso em ti e agora sei que não é por acaso. Viveu e aproveitou bem seus exemplos e agora é a nossa vez.
Digo nossa vez porque nunca se sabe se é cedo demais para partir e qual será o dia do “tal agora”. É certo que o período em que lutou para prolongar a fase que terminou não foi em vão, mas saiba: realmente, o bom comandante sorria. Não do menino, mas para o menino com uma satisfação infinitamente maior por senti-lo capaz de comandar. Ver seu aprendiz lutar, sugerir, acordado em busca de explicações e de resultados é o que todo comandante quer para seguir feliz, realizado.
As poucas palavras e os simples olhares serviam apenas para indicar que ali, naquele quarto, naquele ciclo, ainda era dele o comando. Quem lidera sabe o momento exato para se importar com a própria dor, para velar o sono de uma criança, sabe a importância do próximo que descansa, sabe a hora de partir. Pode até não estar certo, mas busca a melhor solução e decide. Você decidiu e fez o melhor que poderia.
Agradeço pelo dia de hoje. Não pela tristeza e sim pela oportunidade de manter-me em forma para aproveitar tudo que nele aprendi. E te digo: se for para eu escolher, terei alma de marinheiro para espalhar amor, admiração e respeito em todos os lugares que eu aportar, afinal, tudo isso é o melhor que podemos ter e fazer em nossas vidas porque, sempre que o corpo parte, o que somos fica . A gente não leva. O comandante estará entre nós.
Então sigo feliz por conhecer tantas histórias que fazem parte do amigo que tenho. Como foi importante saber do dedo roído, do pai querido e do mundo por ele idealizado. Aprendi com a bondade das ações que foram relatadas. Já que o corpo Saveiro precisou seguir para uma nova jornada, ficou para a gente as próximas pescas e as cargas pesadas. Arregar não nos é permitido.
Amigo, o mar não venceu. Sua verde água só recebeu um belo presente a ele entregue. Chorou conosco pelas súplicas e preces, mas sabe que embarcação é assim: cumpre as determinações do seu comandante. Por fim, deste mundo que percebo nada saber, pessoas como o Comandante Gentil serão infinitos para que, pessoas como eu, possam perceber o quanto podemos e devemos ser bem melhores. Marinheiro acredita ser doce morrer no mar, nas águas verdes desse imenso mar de gente que ama. Capitão, é o mar quem agradece.
O comandante só descansou quando o foi permitido. Disso não tenha dúvida.
Parabéns pela bela família.
Sargento Quito, não mais Soldado
Alexandre Menezes