Diferenças

Diferenças

Nordeste, Recife, costumes. Moro no Rio de Janeiro e percebo as diferenças culturais nas minhas vindas por aqui, muitas delas são só pontos de vista pessoal, outras verdades, vocês que venham sentir para apreciá-las. Acordou? Tome banho! Isso é regra. Explicação não há, será o calor? O sujeito sonha com uma bela companheira e acorda suado... Será preguiça? Não sei. A água daqui sai quente da torneira e os que podem tomam banho mais quente ainda, fervendo mesmo! A teoria da preguiça morre aí, no banho quente, se fosse frio vá lá! O povo daqui gosta e trabalha muito, não creio que o banho quente aumente as energias, será? Vou testar. Vi, creiam, o sujeito tomar banho e ir para a praia, perfumoso... Meu pai contava que um tio dele, rico cidadão, era questionado pela digníssima esposa, ao cair do crepúsculo, “Vóis meçê vai me ocupar?” No caso do” Sim” ela partia para o banho noturno, fora de hora. Então fiquemos assim, acordou-banhou!

Café matutino, coisa boa e farta: Macaxeira, carne de sol refogada, inhame, tapioca, queijo de coalho assado, banana comprida, suco de graviola ou pitanga (prá refrescar), ovos mexidos, café preto, bolo de Souza Leão... É prá comer e morrer... O povo acorda cedo, come bem (quando tem), trabalha e... BEBE muita cana, “cerva”, nos” pega-bêbo” que são bares improvisados nas esquinas, tem na cidade toda, desde o maior até um” isonor” com um” tamborete de forró” para sentar. Lembro-me de um professor de concreto armado que nos ensinava o que seria um pilar curto, sem flambagem, o nobre Paraibano definiu “Pilar curto é tamborete de forró! Não flamba nunca!” Cabra bom, professor objetivo, um tamborete de forró é a coisa mais estável do mundo! Um anão com alma de super-homem.

São os costumes da “terrinha”: Comer, beber e repetir a receita, engordar feliz, exibir a linda barriga cultivada, saúde. Um magro, por aqui, é doente ou um problema genético. Um tio de minha mulher era tão magro, tão magro, que quando ele morreu o médico colocou-o de pé e sacudiu, foi só varrer os ossos...

Beber uísque é aqui, arvores de natal feitas de Red Label, banho quente e uísque, certo? Vai que entra uma frente fria rigorosa, não é mesmo? O povo é prevenido. No inverno vai à Suíça brasileira: Gravatá, 22 graus e acende-se a lareira, vinhos e fondue, uma beleza mesmo, clima europeu. Eu gosto muito, mas não sinto frio, acho que sou muito resistente, diferente, afinal sou carioca pô ! Qual é mermão? Sou da turma que não toma banho de manhã, que vai prá praia e não volta cedo, bebe chope sem muito colarinho, fica no bar até tarde, de calção mesmo, não tem receio do frio e nunca toma uísque, só convida a galera “passa lá em casa prá tomar um uísque!” Aliás, alguém já foi comer e beber em casa de carioca? Se foi tenha a certeza que ele era nordestino!

Roberto Solano

Roberto Solano
Enviado por Roberto Solano em 02/01/2011
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