Reflexão feminina
- Pegue suas malas e vá para Amsterdã. Será uma decisão invonlutária.
Nutriu-se de grande contentamento e dias depois desembarcava feliz num ambiente cheio de promessas.
Livre poderei exercitar a minha vida. Há meses não sabiamos mais o que deviamos fazer. È como se vigiassemos cada uma o auto-domínio da outra. Uma verdadeira tirania se passou nessa vigilia. Estava cansada, por sorte o poder do dinheiro criou a distância necessária.
Já recuperada começo a caminhar novamente. Ficar alguns dias em torno de minha vida pode ser economia na loucura. Temo qualquer indício de compartilhamento até mesmo pela internet. Tomo como algo insuportável a tendência apelativa para conhecimento de alguém real através dessa máquina. Faço parte da parcela humana que pretende admirar tudo, mas não se envolver de fato com nada. Prefiro distrair-me ao puro desinteresse, o que é melhor para mim ao sabor desse prazer moderno. Imaginava que a dimensão útil do computador não fosse se perder livremente no tunel das imagens, não fossem para enrijecer o universo dos arquivos. Para tanto a internet é um ambiente perfeito para quem está tentando acessar apenas estímulos. A última coisa que gostaria de encontrar dentro da máquina é o cheiro humano.
Em apenas dois dias livres de toda e qualquer atividade minha pele já é outra.
Tenho tudo o que preciso para nutrir minha existência. Na verdade a solidão possui mistérios. É preciso ouvi-los em toda a sua extensão. Até mesmo o silêncio viola a liberdade. Neste momento percebo que tudo lá fora está controlado, que tudo precisa passar por um projeto de legalização, que tudo está sendo observado, registrado, cadastrado. O que é assustador.
Tenho medo de um dia seja controlado o tempo de solidão e a própria solidão ser considerada erro grave.
Tudo na verdade não passa do desejo de se viver próximo da natureza, distante dela.
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