I que faz yn nukuibarui?
O título deveria ser "o que faz um milionário?", mas foi escrito próximo da meia noite de ontem, de dentro da garrafa de champanhe, portanto merece o paredão, digo, perdão. Brincadeiras à parte, diante da expectativa de ganhar duzentos milhões, com o prêmio da Mega Sena, o que você faria? Perguntei para as três colegas que comigo aguardavam, no penúltimo dia do ano, a longa tarde se arrastar sem nenhum trabalho para fazer. Nenhuma delas fazia questão de ganhar duzentos milhões. Poderia ser menos. Mas eu não. Queria o dinheiro todo.
Ana falou que compraria uma passagem para qualquer lugar gelado, pois odeia o verão. Iria, quem sabe, passar trinta dias na Finlândia. “E depois?” Quis saber. Não sabia o que iria fazer ao certo, além de se ajeitar na vida. Possivelmente abriria uma ONG para cuidar de animais abandonados.
Já que estaria na terra do Papai Noel tentei convencê-la a dar um pulinho na Noruega, próximo dali, para experimentar um prato de bacalhau fresco e me mandar dizer qual é o sabor no verso de um cartão postal, coisa que sempre quis saber. Invasiva que fui, incluí no sonho dela, contratar um show particular do Roberto Carlos já que é fã do cantor desde os quatro anos, segundo mostra a fotografia em que aparece ao lado dele numa festa beneficente.
Passei a palavra para a próxima Delirante que também não sabia ao certo o que faria. Seu primeiro ato seria passar alguns dias de férias em Paris, pois acha muito chique. Não falou, mas presumi que seriam férias para toda a família e agregados. Aqui eu me escalaria para visitar o museu do Louvre diariamente por, pelo menos, um mês.
Ritinha, a colega número três, disse que ficaria trabalhando normalmente até maio, mês das suas férias, enquanto planejaria o que iria fazer com o dinheiro e em que lugar morar. A grana já teria algum rendimento na caderneta de poupança a essa altura. Depois era só pedir demissão, alegando que iria estudar em outra cidade e dar o fora sem levantar suspeitas. Em seguida, ela falou da questão de quantos já receberam prêmios assim, ou até mesmo heranças, e desperdiçaram tudo por falta de planejamento.
Chegou a minha vez. Disse que aplicaria parte do dinheiro em duas fundações, uma de pesquisa para a cura de alguma doença e outra em prol de pessoas carentes. A doença que gostaria de ver a cura o quanto antes é o mal de Alzheimer. O grupo de pessoas carentes que gostaria de beneficiar com parte da fortuna, para manter coerência com o primeiro investimento, seria o de pessoas idosas. Viajaria um pouco mais pelo Brasil e também conheceria outros países. No mais, iria residir confortavelmente e continuaria trabalhando, porém fazendo o que mais gosto: escrever. Ritinha sugeriu que se eu mandasse o rascunho de um livro para uma editora e o editor não quisesse publicar, bastaria eu comprar a editora e, assim, publicar o livro. Tenho minhas dúvidas se há gosto em publicar algo desse modo.
O curioso nisto tudo, não é apenas a constatação de que não sabemos o que fazer com tanto dinheiro. Curioso mesmo, no exercício que fizemos naquela tarde, foi constatar que o que queremos fazer como milionários já podemos exercitar agora. Eu, por exemplo, já poderia investir no aprendizado de técnicas para escrever melhor, assim como durante o ano de 2010 investi em reforma e melhoria da minha casa. Viajar, eu poderia voltar a fazê-lo mediante planejamento. Até mesmo o investimento em entidades beneficentes poderia ser feito, não com fortuna em dinheiro, mas com tempo e dedicação destinados à visitação de lares de idosos ou como faz a mãe de Ritinha que cuida no anonimato de pelo menos trinta cães abandonados recolhidos em um terreno baldio ao lado de sua casa.
Quanto ao grande prêmio da virada, apesar do imaginário popular de ganho fácil, bom seria que o sonho coletivo do meu país fosse ver, ao invés de uma pessoa recebe-lo sozinha, ver duzentas pessoas receberem cada uma o valor de um milhão, beneficiando assim vários grandes “Brothers” cujo anonimato é resgatado pelo idiotizado programa homônimo. Quem sabe da próxima vez eu me lembre de passar na lotérica e comprar um bilhete...
O título deveria ser "o que faz um milionário?", mas foi escrito próximo da meia noite de ontem, de dentro da garrafa de champanhe, portanto merece o paredão, digo, perdão. Brincadeiras à parte, diante da expectativa de ganhar duzentos milhões, com o prêmio da Mega Sena, o que você faria? Perguntei para as três colegas que comigo aguardavam, no penúltimo dia do ano, a longa tarde se arrastar sem nenhum trabalho para fazer. Nenhuma delas fazia questão de ganhar duzentos milhões. Poderia ser menos. Mas eu não. Queria o dinheiro todo.
Ana falou que compraria uma passagem para qualquer lugar gelado, pois odeia o verão. Iria, quem sabe, passar trinta dias na Finlândia. “E depois?” Quis saber. Não sabia o que iria fazer ao certo, além de se ajeitar na vida. Possivelmente abriria uma ONG para cuidar de animais abandonados.
Já que estaria na terra do Papai Noel tentei convencê-la a dar um pulinho na Noruega, próximo dali, para experimentar um prato de bacalhau fresco e me mandar dizer qual é o sabor no verso de um cartão postal, coisa que sempre quis saber. Invasiva que fui, incluí no sonho dela, contratar um show particular do Roberto Carlos já que é fã do cantor desde os quatro anos, segundo mostra a fotografia em que aparece ao lado dele numa festa beneficente.
Passei a palavra para a próxima Delirante que também não sabia ao certo o que faria. Seu primeiro ato seria passar alguns dias de férias em Paris, pois acha muito chique. Não falou, mas presumi que seriam férias para toda a família e agregados. Aqui eu me escalaria para visitar o museu do Louvre diariamente por, pelo menos, um mês.
Ritinha, a colega número três, disse que ficaria trabalhando normalmente até maio, mês das suas férias, enquanto planejaria o que iria fazer com o dinheiro e em que lugar morar. A grana já teria algum rendimento na caderneta de poupança a essa altura. Depois era só pedir demissão, alegando que iria estudar em outra cidade e dar o fora sem levantar suspeitas. Em seguida, ela falou da questão de quantos já receberam prêmios assim, ou até mesmo heranças, e desperdiçaram tudo por falta de planejamento.
Chegou a minha vez. Disse que aplicaria parte do dinheiro em duas fundações, uma de pesquisa para a cura de alguma doença e outra em prol de pessoas carentes. A doença que gostaria de ver a cura o quanto antes é o mal de Alzheimer. O grupo de pessoas carentes que gostaria de beneficiar com parte da fortuna, para manter coerência com o primeiro investimento, seria o de pessoas idosas. Viajaria um pouco mais pelo Brasil e também conheceria outros países. No mais, iria residir confortavelmente e continuaria trabalhando, porém fazendo o que mais gosto: escrever. Ritinha sugeriu que se eu mandasse o rascunho de um livro para uma editora e o editor não quisesse publicar, bastaria eu comprar a editora e, assim, publicar o livro. Tenho minhas dúvidas se há gosto em publicar algo desse modo.
O curioso nisto tudo, não é apenas a constatação de que não sabemos o que fazer com tanto dinheiro. Curioso mesmo, no exercício que fizemos naquela tarde, foi constatar que o que queremos fazer como milionários já podemos exercitar agora. Eu, por exemplo, já poderia investir no aprendizado de técnicas para escrever melhor, assim como durante o ano de 2010 investi em reforma e melhoria da minha casa. Viajar, eu poderia voltar a fazê-lo mediante planejamento. Até mesmo o investimento em entidades beneficentes poderia ser feito, não com fortuna em dinheiro, mas com tempo e dedicação destinados à visitação de lares de idosos ou como faz a mãe de Ritinha que cuida no anonimato de pelo menos trinta cães abandonados recolhidos em um terreno baldio ao lado de sua casa.
Quanto ao grande prêmio da virada, apesar do imaginário popular de ganho fácil, bom seria que o sonho coletivo do meu país fosse ver, ao invés de uma pessoa recebe-lo sozinha, ver duzentas pessoas receberem cada uma o valor de um milhão, beneficiando assim vários grandes “Brothers” cujo anonimato é resgatado pelo idiotizado programa homônimo. Quem sabe da próxima vez eu me lembre de passar na lotérica e comprar um bilhete...