Feliz Aniversário!

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Inovar sempre é bom,mas quando não nos esquecemos as regras e não nos afastamos dos limites que o povo do mundo organizado estabeleceu. Hoje eu resolvi dar os parabéns a mim mesmo, como sinal de que eu me sou mais verdadeiro do que os outros que têm me parabenizado ao longo desses 50 anos e uma rapinha a mais. Será que fazer isso é proibido? Que nada. Há ousadias que são doces.

Tenho pedido a Deus perdões diários pelas coisas tronchas que ainda continuo a fazer, se como acertar fosse coisa doutro mundo. Às vezes, fazê-lo é questão de prioridade. Parece que tecer o que é correto dá preguiça e a gente vai empurrando com a barriga até sabe la Deus quando!

Eu me permito parabenizar-me pelo coração perdoador que carrego entro do peito, pela vontade de ver os amigos crescendo espiritualmente na vida, pelo pai apaixonado que sempre fui e pela lealdade aos que verdadeiramente são meus amigos queridos.

Não poderei parabenizar-me pela compulsividade em dar as notícias que me chegam, tantas delas inverídicas. Falar demais faz muito mal aos olhos e ao coração. Retiro os meus parabéns quando a coisa tratar-se de moderação discursiva. Esse meu sangue italianíssimo põe sempre dentro de minha alma, um fogareiro cheio de brasas vivas. Não consigo driblar a animosidade e quando me vejo já estou a dizer o indizível e o impublicável. Tenho sido assim ao longo desses meus cinqüenta e três anos.

Eu jamais poderia esquecer-me de dar os parabéns a este homem que não mede esforços em servir ao próximo e retirar do bolso o último centavo que carregar e ofertar ao primeiro necessitado que encontrar á sua frente. Conheço este homem que é capaz de amar desmedidamente e de apaixonar-se por um simples verso de um poema e cantarolá-lo a declamar por anos a fio.

Não posso ofertar-me os parabéns pela labilidade emocional que persiste em acompanhar-me quando o que preciso decidir com rapidez fica muito longe de mim, mas, dentro dos outros, esses outros que não sabem o porquê de eu ser desse jeito um pouco diferente, cheio de um perfeccionismo que não cabe tê-lo nos dias atuais, quando o mundo pede mais praticidade do que mesmo outra coisa.

Defendo os axiomas regedores da vida em sociedade, do mesmo jeito que rezo ao lado do meu anjo-de-guarda. Não me esqueço um só instante de Papai Noel, mas leio Young e Freud e Sartre, quase que mensalmente.

Dou-me os parabéns por estar constantemente querendo aprimorar meus hábitos, crescer errando menos, construindo amigos. Meus parabéns irão também para a capacidade que tenho de não guardar mágoas e poder sentir no abraço que dou a um velho inimigo gratuito, um calor perfumado cheio de esperanças.

Parabéns, Paulino, por seu olhar misericordioso sobre os pobres que de você se aproximam desejando sua ajuda, pelos versos sinceros que sua alma tece todos os dias, por sua paixão sem limites pela vida e pela Literatura.

Não me permito perdoar-me pelas vezes que ao invés de ter sido eu maleável, fui grosseiro, irreverente, como se eu conhecesse a verdade. Não me permito perdoar-me pelas vezes que já fiz sofrer as pessoas que amo e que preciso tê-las ao meu lado para que a vida possa ter um sabor mais vivo e adocicado. Não me permito perdoar-me pelas faltas que possuo e que ainda não as considero faltas.

Uma vez eu ouvi de uma Mestra querida, a Enaura Quixabeira, uma frase inteligente e deveras perfumada. Ela ““ disse:” Uma mulher na minha idade já pode dizer o que quer...” Eu espero, daqui a alguns anos e se a vida me permitir vivê-los, dizer assim como a mestra me disse certa vez em um intervalo de uma aula. As pessoas envelhecem para se aproximarem da sabedoria. A vida permite construirmos este palco maravilhoso onde a ficção e a realidade vivem juntas na distância que os sonhos permitem a cada uma delas.

Por fim, acho que posso parabenizar-me pelas mudanças que me deixei ofertar ao longo desses anos, principalmente os últimos cinco anos, quando comecei a entender a vida por seu viés mais permissivo. Doei as coroas, desfiz os reinos e passei a fazer versos para passárgada, como que entendendo que viver é bem mais simples do que a gente espera que seja.

Permito-me a cada ano que passa viver um Natal diferente. Se estou distante das pessoas que amo, paciência, mas as distâncias do mundo devem ser ocupadas pel o homem. Se não temos tudo o que merecemos, certamente é por que o que nos falta é mais merecido aos outros que nos ladeiam.

Parabéns, seu “MOÇO”, e juízo, viu? A vida continua e até os axiomas se transformam com o tempo, por que não você? Parabéns e Feliz Aniversário!