Foto por Luis C Nelson

 
Nas horas que antecederam o final da primeira década deste século, nada tentei para evitar a longa viagem através do meu universo íntimo, mesmo dando-me conta de que tal jornada terá feito aflorar um semblante grave e nada atraente ao meu rosto, coisa muito pouco social em meio à habitual explosão de alegria, fogos de artifício, espíritos voando alto com ou sem propulsão etílica...

"Feliz Ano Novo"! "Próspero, com muita saude"! "Pleno de sucesso, sucesso, sucesso..."! Pego-me, afinal, repetindo a mim próprio todas as frases feitas para a circunstância, empurrando-me moderadamente acima da linha da introversão, enquanto os fogos estouram os decibéis da minha surdez.

Lamento-me porque não comprei vinho espumoso, mas sirvo-me de uma taça de rosé meio frisante, beijo os lábios da companheirinha e o rosto da minha caçula. A caçula mais velha aparece na tela através do espaço, acompanhada dos meus quatro netinhos (contando com a Carolina, ainda na barriga).  A celebração familiar, misto de cibernética e realidade, terminou e os fogos também.

Agora, estendo um pé na direção da nova década, tentando em vão sentir como serão os caminhos que vou percorrer...ou não...sim, vou...ou não...tô com tanto sono...
Luis C Nelson
Enviado por Luis C Nelson em 01/01/2011
Reeditado em 01/01/2011
Código do texto: T2702895