O cavalo marinho assexuado, auto-reprodutivo e azul

Eu quero ser um cavalo marinho. Assexuado, auto-reprodutivo e azul. Dos três, acho que o que mais quero é ser azul.

As mulheres nunca sabem o que querem...vivem mentindo e se confundindo, procuram desesperadamente o próprio sofrimento, e arranjam um jeito de provocar o meu também. Cansei delas, dão muito trabalho.

Trabalhar é bom pra pagar as contas e esquecer as mulheres, mas as contas fazem tornarmos-nos escravos do dinheiro, e no final, quando percebemos, não vivemos mais, sobrevivemos, pra pagar as contas. Não sobra direito nem o da cerveja no final de semana.

A cerveja é boa pra esquecer das mulheres e do trabalho, mas quando precisa-se desesperadamente esquecer de ambos, esquecemos também que pra beber demais, tem que ter dinheiro demais, e isso nos faz falta na hora de pagar as contas, e de sair com as mulheres...sem mulheres, não tem sexo, e sexo também é importante.

Sexo é uma das melhores partes da vida, dá prazer, faz bem pra saúde(quando feito com segurança), e faz-nos ter a tal sensação de saber que somos capazes de conquistar alguém. Mas pra fazer sexo, precisa ter onde, e com quem...e mesmo que haja o local fácil, o "com quem" nem sempre é fácil. Precisamos ter a mulher, e o dinheiro pra manter a mulher, a cerveja pra dar o clima, e pagar a conta no final de tudo, e pra pagar a conta, precisamos trabalhar.

No final, tudo é um grande ciclo vicioso, do qual só escaparemos se subirmos em uma montanha, e nos alimentarmos de relva e amor pela natureza pra sempre, e mesmo assim...sentiremos falta do sexo, da mulher, do dinheiro e da cerveja, então acabaremos descendo e trabalhando pra conseguir tudo isso.

Mais do que ser um cavalo marinho, assexuado e auto-reprodutivo, eu quero ser azul.

Se eu fosse azul, não precisaria de nada disso, e eu seria bem mais feliz.

Saah Tavares
Enviado por Saah Tavares em 01/01/2011
Reeditado em 01/01/2011
Código do texto: T2702700
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.