O ANTICRISTO

Perguntar pelo sentido da vida do homem, seria no mínimo uma posição filosófica, de alguém disposto a ir contra toda uma situação, podíamos até dizer, remar contra a maré. E se colocar contra a religião da maioria, como poderíamos classificar?

No Anticristo, Nietzsche faz uma crítica ferrenha sobre a razão moderna. E em cima do cristianismo ele faz um questionamento sobre a validade da pureza e dos ideais cristãos. Nietzsche procura saber até que ponto os cristãos são manipulados por idéias falsas impostas por alguns aproveitadores, que investem na religião suas imposições aos cristãos despreparados, ou seja procura desmascarar, desvendar toda uma ideologia subjacente aos conceitos utilizados pelos idealizadores do cristianismo, para mostrar que as palavras que são colocadas como tiradas da boca do mestre, adquirem novo sentido no novo contexto.

Como exemplo cito o pecado, muito enfocado no universo ideológico do cristianismo dado sua força persuasiva, que trouxe para o cristão um grande sentimento de culpa, que tenderá a deixá-lo tão sóbrio que vai necessitar de uma mão amiga para ajudá-lo.

Nesse contexto surge o perdão, uma grande obra da humanidade, porque não dizer a maior, dado que com ele vai reconquistar o seu lugarzinho no céu?

E assim vai o homem como de passagem, por esse mundo, agindo sem refletir, sem se importar se está agindo certo ou não, pois é mais fácil ter a chance de ter uma vida desregrada com a segurança, a garantia de que mais tarde se se arrepender terá novamente chance de retornar à casa paterna. Talvez por isso o cristianismo tenha tantos adeptos.

O cristianismo ao conduzir o homem, deixa bem livre as suas vontades. Não impede nada, deixa portanto, este homem introduzir-se na maldade, na perversidade e na devassidade do mundo, porque um dia, este homem decepcionado, desacreditado, irá voltar e abrigar-se novamente em seu refúgio. Covardia? Talvez sim. Por ser a realidade às vezes muito áspera, os cristãos se refugiam sob o seu manto. Mas será que não era melhor encarar os problemas de frente, de que se prender a um futuro que nunca chega?

Chego a me perguntar se a humanidade realmente deveria contar seus anos de existência a partir da data do nascimento de Cristo!

A ciência, ou qualquer posicionamento questionável é visto como um grande perigo para o homem, por esta trazer uma compreensão de causa e efeito. A sede do saber leva o homem a questionar, a exigir também para si certos privilégios que alguns já detêm, como por exemplo: disponibilidade de tempo e liberdade de expressão. O sacerdote quer o homem com a perspectiva de olhar só para dentro de si. Ele quer que o homem sofra. Sofra tanto e sinta necessidade de um padre.

O cristianismo aceita a doença como sendo necessário ao homem, como meio de salvação, pois a igreja quer tornar pessoas doentes, decadentes, dependentes, esgotadas, fracassadas que sob a cada do cristianismo serão dominados.

Sendo a religião dos fracos e vencidos, o cristianismo torna os sentimentos mais nobres decadentes, pois aniquila do homem, seus valores mais nobres, quer sejam: a saúde, para cuidar dos coitadinhos (santa piedade!), o poder, não incita nada que diga respeito ao poder, (isto é coisa do demônio), asseio corporal, mesmo a beleza física deve ser deixado de lado.

Os conceitos “Deus”, “alma”, “eternidade”, são utilizados causando uma dicotomia ao entendimento humano, procurando arrebanhar prosélitos para uma religião do além, incitando a idéia de que o aqui e o agora não interessa, que devemos esperar a terra lá no céu.

Opostamente a esse tipo irreflexo Nietzsche mostra um homem livre e desimpedido da malha da dependência aquele que tem a coragem de ser diferente, de enfrentar olhares indiferentes, e suportar o peso da solidão. Sim, solidão porque ele não é aceito, é tomado como um subversivo, um transgressor da ordem, até mesmo um louco.

Gilson Pontes
Enviado por Gilson Pontes em 31/12/2010
Código do texto: T2702352
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