Reflexos de meus 13 anos

Observo as borboletas alvoroçadas que brincam com o vento e com o bailar das folhas em meio à suave brisa de outono. O sol já está quase se pondo, porém os seres alveolares que me cercam não sentem a necessidade de se recolherem. Parecem vir me saudarem com boas vindas de pura magia e paixão, com o brilho da aurora que se põem e com perfume especial e particular de cada um daqueles seres.

Eu, estava ali debaixo daquela imensa árvore, seus galhos com o tempo se apaixonara pela a grama que também morava ali por suas raízes, por isso seus longos e delineados galhos iam quase a rastar-se no chão. Não sei se era paixão, cumplicidade de um amor ao tempo de vários anos ali juntinhos, amor à forca da gravidade, ou se era apenas a idade daquele arbusto.

Sei que o vento passava pelo meu rosto como um beijo de mãe à filha que esta a ir ao primeiro dia de aula, (uma experiência nunca antes sentida) e eu me deliciava com as primeiras longínquas gotas do orvalho. E o sussurrar do vento passava por meus ouvidos e embalava belas melodias que chegavam aos meus cabelos soltos e embaraçados. E eu logo começo a pensar e pensar...

Mais pensando, recordava de vários pensamento que havia tido por aqueles dias. Tentei ordená-los e colocá-los em um papel, quem sabe fazer um poema, um texto, mais não saia nada. Sobre meus pensamentos sóbrios e ao mesmo tempo com relâmpagos e clarão de sentimentos ausentes eu tentava inverter e desenverter minhas reflexões.

Percebo que estava preocupada, tendo vasculhar minha mente sobre aquela paisagem tão sublime, com o que poderia estar me incomodando e deixando-me preocupada... e logo percebo que seria uma jornada inútil. Aquela paisagem me inspirava a sonhar... e a criar um lindo ambiente para meus pensamentos. E foi assim que fiz.

Deitei sobre a grama cúmplice da arvore, amante daquelas estrelas que sobre as frechas dos galhos esfarrapados daquele arbusto velho e cansado, dava pra se perceber que se opunha um céu que agora estava escuro e com uma lua cheia, bem prateada. Às vezes passavam aviões bem distantes... e Eu também voava com aquelas pessoas em pensamento. Imaginando quem elas seriam, imaginando seus sonhos, seus trabalhos, tentando contar quantas vezes que elas já pararam simplesmente para observar um céu estrelado e escuro... Mais que Deus fizera todo NOSSO.

Sobre aquele sonho de Ceu, que acrescentei elementos mágicos, e sob aquelas estrelas que formavam lindos desenhos eu queria escrever um historia no meu diário que por algumas horas eu ja havia esquecido ao lados das raízes de nossa velha amiga arvore.

Bom, naquele diário tinha de tudo um pouco... Achei com muito esforço umas paginas em branco e comecei...

Meu querido diário...

Ai, pensei: Que cafona, não tenho mais 13 anos da mesma forma quando ganhei esse diário. Tenho que começar diferente. Pensei, Pensei...

E tentei escrever de novo.

De acordo com Skinner Pensar repetidas vezes significa agir fracamente, (Sobre o Behaviorismo 1868) porem, hoje sobe esta maravilhosa e inspiradora paisagem....

Meu Deus... Isso nem é um texto para espairar a mente! Isso é uma dissertação!!! Será que não consigo ser um pouco menos mecânica? Vou tentar mais uma vez!

Bom, depois de 5 anos, futricando em uma velha gaveta encontrei esse diário, como estou de férias resolvi ler o que tinha escrito aqui, naquele período de adolescência. PERIODO critico, mais momento apaixonante, e cheios de emocoes e adrenalinas para se viver! Sentei aqui nesse cantinho da pracinha que sempre teve aqui perto de casa, mas nunca havia percebido, e fiquei a observar tudo e todos. Findei por esquecer o diário debaixo da arvore, mais agora aqui estamos. E o embate é o que escrever. O dia hoje esta lindo. E me coloquei a ler as paginas "do que seria" esse diário. Percebi que era mais um livro de sonhos misturado com lamentações com um bom mix de paixões não correspondidas e muita Fe Esperança. Muita coisa para uma garotinha na época de 13 anos.

Ao percorrer cada pagina percebi que aquele liquido que sempre insiste de aparecer na hora errada, aquela hora que temos que ser forte, que temos que ter firmezas. Simplesmente me mostrou frágil e vulnerável a qualquer vento que soprava a minha frente, assim caiu de meus olhos uma lagrima, borrando a tinta de caneta gels cor de rosa do diário.

Em cada pagina tinha um pedaço da minha alma, um pedaço de minha vida, as minhas melhores amigas, minhas maiores decepções, meus melhores poemas, meus primeiros amores, meu primeiro beijo, meu maior desgosto, o que mais queria, o que mais temia, e me surpreendia de tantas coisas que havia me esquecido em tão pouco tempo. De tantos sonhos que eu havia enterrado, de tantos sentimentos emoções a flor da pele que eu julgava como intrínsecas para minha sobrevivências que agora estavam sepultadas à 7 palmos. Dores que eu jamais pensava que iria esquecer que já não me recordava. Amores que me fizeram sofrer que já não me recordava, canções que foram importantes para mim e que já não me diziam nada... A cada pag. uma surpresa, era como se eu estivesse descobrindo ali naquele diário uma adolescente que não fora eu! Uma criatura de um livro de romance, de um filme fictício. Mais o surpreendente é que eram meus caminhos trilhados, meus segundos vividos que não voltavam mais atrás, minhas decisões tomadas que determinava quem eu sou hoje, aquela ou essa pessoa que escreve um texto sem sentido sobre o cricrilar de insetos sob um céu escuro e recheados de imaginações.

Espantada eu estava. Mas ali eu me deliciava com tantas vitorias e me reprimia ao mesmo tempo com tantas oportunidades que deixei passar... Devia estar em alerta aos meus sonhos, e objetivos.

Mais eu consquitei muito, superei meus erros, grandes metas foram alcançadas, grandes amores foram conquistados, reconquistados, perdidos, alguns sonhos foram reconstruídos, algumas dores cederam lugares para outras dores, para não pesar muito a bagagem da vida, algumas pessoas especiais se foram, mais deixaram suas marcas, surgiram outras, talvez se vão... Talvez eu vá primeiro que elas... Talvez seja para o resto da vida... A vida é uma metamorfose. Alguns erros que cometi eu concertei, o problema é que continuo a cometer erros, e terei sempre o que consertar... Algumas musicas ficaram no esquecimento mais quando ouvidas rememorarão lembranças que as palavras não serão possíveis de decifrar. Algumas estruturas físicas foram alteras também, já não sou tão franzina e baixinha, e nem uso aparelho nos dente, não tenho aquele sorriso inocente, mais as fotos ficaram para relembrar, para recordar os momentos especiais, assim como os de agora seram evocados futuramente.

Já não sonho em ter uma festa de quinze anos, mas uma profissão e um trabalho decente, já não sonho em conquistar o menino da minha sala, mais quem sabe arranjar uma pessoa para passar o resto dos meus dias... Foi assim que findei por perceber que aquele diário tinha muito que me ensinar.

Eu, como gente, como adulta, não mais com 13 anos de idade tenho a obrigação de manter meus sonhos, parar mais vezes na pracinha que fica a do ladinho da minha casa, talvez agir mais como uma adolescente que busca apenas a felicidade, ser menos mecânica, estar sempre a renovar e trocar as coisas velhas que ocupa e pesam nosso espírito, pela forca e pela esperança que a garotinha de 13 anos tinha.

Bom, com essas palavras eu findei por ocupar as ultimas paginas restante do “ meu querido diário” de meus 13 anos. São simples palavras de uma quase mulher que tenta buscar no reflexo de seus próprios pensamentos o crescimento e florescimento da sua alma.

Myrror
Enviado por Myrror em 31/12/2010
Reeditado em 15/05/2012
Código do texto: T2701896