Ah, o amor!

Amor é uma coisa que colocam na sua cabeça. Para começar, fazem você achar que precisa de alguém pra ser feliz. Vem com todos aqueles papinhos de alma gêmea, metade da laranja, tampa da panela e musiquinhas românticas do tipo “you are everything that I need”, “não me deixe só” e o escambal. Também tem milhares de filmes dizendo que ninguém consegue ser feliz se não estiver apaixonado por alguém. E então a mocinha se apaixona pelo ator mais bonito do filme, eles passam por muitas dificuldades e no fim são felizes para sempre. A fórmula é sempre a mesma, mas alguém sempre acaba caindo.

Depois de toda essa lavagem cerebral, te induzem a gostar de alguém. Aliás, você raramente gosta de alguém por livre e espontânea vontade, ou de forma natural. Pode reparar, quando você se dá conta que esta apaixonado, é sempre o último a perceber. Isso porque gostar é uma coisa que te obrigam a sentir. Geralmente toda a sua família e pelo menos metade dos seus amigos pensam que quando você sai muitas vezes com a mesma pessoa, é porque certamente, necessariamente, inegavelmente esta apaixonado por ela e vice versa.

Então começa a fase em que você bate o pé e diz que estão todos errados. Mas essa fase geralmente passa rápido porque todos enchem tanto a sua cabeça de minhocas que você passa a olhar a pessoa em questão com outros olhos. E então começa a fase mais perigosa de todas.

Você se apaixona. O que era pra ser uma simples amizade vira um amor quase platônico. Mas nem sempre isso é recíproco. Nessa fase, você costuma ficar neurótico, perder noites de sono e olhar pro nada quando deveria estar prestando atenção em alguma coisa importante. Então começa a prestar atenção em cada detalhe e o fato da pessoa em questão dividir uma casquinha de sorvete com você é o suficiente para você pensar que é correspondido.

Nem precisa comentar da fase frustrante em que você cai na real, se acha um idiota e quase morre por causa da desilusão. Essa fase geralmente demora pra chegar e é a que dura mais tempo.

Agora eu pergunto: você realmente, necessariamente, inegavelmente precisa disso para ser feliz? Apenas uma pessoa maluca, neurótica ou masoquista responderia que sim. O grande problema é que de maluco, neurótico e masoquista todo mundo tem um pouco.