«Aqui nasceu Portugal» – Cidade de Guimarães

Hoje, dia 28 de dezembro, tal como muitos visitantes que chegam à cidade de Guimarães, estacionei meu carro no Parque de São Mamede, local onde, na batalha com o mesmo nome, a 24 de Junho de 1128, o infante D. Afonso Henriques, futuro primeiro rei de Portugal, derrotou os partidários de sua mãe, D.Teresa, e escreveu a primeira página da História de Portugal.

Berço da Nacionalidade

A bonita e histórica cidade de Guimarães fica situada no distrito de Braga, na região do Baixo Minho, no noroeste de Portugal, onde podemos observar o magnífico verde que se espraia sobre a terra, cobrindo os seus montes com extensos pinhais e vales com altos vinhedos, que dão à terra uma característica única no conjunto do território português.

Guimarães, situada na bacia do rio Ave, está localizada num vale, que domina toda a paisagem e permite a quem atingir o seu topo uma vista que se estende até ao oceano Atlântico.

É sede de um concelho com 258Km² e cerca de 170.000 habitantes.

Historicamente associada à fundação da nacionalidade e identidade portuguesa, Guimarães é conhecida como "O Berço de Portugal". Por esta razão, está inscrito numa das torres da antiga muralha da cidade “Aqui nasceu Portugal”, referência histórica e cultural de residentes e visitantes.

Património histórico e natural

Guimarães, que conta já com mais de um milénio desde a sua fundação é, também,uma das mais importantes cidades históricas do país, tornando-a definitivamente um dos maiores centros turísticos da região. As suas ruas, avenidas e monumentos respiram história e encantam quem a visita.

Podemos verificar que a Guimarães atual soube conciliar, da melhor forma, a história e consequente manutenção do patrimônio com o dinamismo que caracteriza as cidades modernas.

A região de Guimarães é, igualmente, rica em patrimônio natural, pelo que se impõe, a quem visita a cidade, um olhar demorado sobre o interior rural, com as suas matas, ribeiros, e quintas e uma população cuja linguagem representa ainda reminiscências vocabulares que denunciam afinidades com os termos latinos usados no início da evolução do idioma atual.

Muitas pessoas desconhecem que os seus habitantes se chamam vimaranenses devido a esta cidade ter sido fundada, pelo magnata galego Vimara Peres, de onde tomou o seu nome Vimaranis, logo Guimaranis.

Patrimônio Cultural

A cidade com um glorioso passado histórico, apresenta-se como um verdadeiro tesouro nacional, classificado Patrimônio Cultural da Humanidade, em 2001, pela UNESCO. Visitar a cidade é recuar no tempo, é contactar bem de perto com a História, é sentir a magia do passado, é perceber as origens mais remotas de um povo.

Guimarães, como cidade de dimensão média, tem uma vida cultural interessante. Para além dos museus, monumentos, associações culturais, galerias de arte e festas populares tem, desde setembro de 2005, um importante espaço cultural, o Centro Cultural Vila Flor, com dois auditórios, um centro expositivo, e um café-concerto. Prepara-se para ser Capital Europeia da Cultura em 2012

A região em que Guimarães se integra é de povoamento permanente desde pelo menos o Calcolítico Final nacional, como atestam a presença, no concelho, das citânias de Briteiros e de Sabroso e a Estação arqueológica da Penha. A Ara de Trajano denuncia a utilização, pelos romanos, das águas termais da vila de Caldas das Taipas.

A Colina Sagrada com os seus monumentos ligados à Fundação da Nacionalidade - Castelo, Igreja de S. Miguel e monumento ao Rei Fundador, bem como o Paço dos Duques de Bragança, são o principal atrativo turístico.

São também famosas: as pontes, castelos, torres ou muralhas, mosteiros e conventos, igrejas, capelas e ermidas, santuários no alto dos montes, padrões, cruzeiros, nichos e alminhas, sem falar dos palácios, solares, casas senhoriais antigas, fontes ou chafarizes, disseminados pelas 73 freguesias que constituem Guimarães.

Visitarmos o interior da cidade muralhada equivale a impressionar-mo-nos ao descobrir, em cada esquina, rua ou praça, elementos construtivos de rara beleza arquitetônica. É a maravilha da descoberta, palmo a palmo, de elementos que traduzem mistérios do passado, desde as pedras da calçada pisadas pelos cascos ferrados dos cavalos do Conde D. Henrique, fundador do Condado Portucalense, à imponente estátua do seu filho e primeiro rei de Portugal.

Turismo

A Montanha da Penha constitui um dos grandes pontos de atração turística de Guimarães, quer pelas suas características naturais, quer pelos vários equipamentos aí existentes. Assim, visitantes e turistas que pretendam visitar a Montanha da Penha poderão fazê-lo através do teleférico, apreciando assim a magnífica paisagem que separa o vale e a montanha de Guimarães. Poderão desfrutar de uma paisagem natural única e encontrar desde monumentos, grutas, miradouros, até um parque de campismo, um campo de mini-golfe, um mini-trem turístico, um centro Equestre, áreas de passeio e pic-nic.

São Torcato, situada na margem esquerda do Rio de Selho, cerca de 5 km de Guimarães, é uma vila predominantemente rural detentora de um patrimônio natural e cultural que a tornam um dos potenciais turísticos do concelho. O santo que dá nome à vila, São Torcato, foi um dos primeiros evangelizadores da Península Ibérica no século VIII.

A vila de Caldas das Taipas situa-se a cerca de 7 km de Guimarães. Esta vila foi desde sempre um local de passagem e paragem de visitantes e turistas, uma vez que dispõe de vários atrativos, dos quais se destaca uma antiga estância termal, cuja utilização terapêutica das suas águas remonta ao Império Romano.

A poucos quilómetros do centro desta vila estão localizadas as estâncias arqueológicas de Citânia de Briteiros e Castro Sabroso, exemplos de "Cultura Castreja".

Gastronomia

Os principais pratos revelam-se nas receitas tradicionais da cozinha minhota e não são muito diferentes dos que se podem encontrar noutras cidades do Minho: arroz de frango, rojões, bucho recheado, papas de sarrabulho e arroz do mesmo e bacalhau assado ou recheado. A acompanhar estes pratos está, invariavelmente, o vinho verde da região.

A doçaria tradicional vimaranense é composta por doces conventuais. O fato de em Guimarães ter existido um convento feminino influenciou muito a gastronomia marcante da região, especialmente a nível da doçaria: como as tortas de Guimarães e, principalmente, o toucinho do céu. Confecciona-se também o chamado "bolo" constituído por um tipo de pão (com o formato de uma pizza) servido com carne de porco, sardinhas ou outros acompanhamentos.

Economia

O setor secundário revela-se, em Guimarães, como a actividade económica predominante, em que 70% das empresas representam a indústria têxtil. A indústria metalúrgica também está aqui representada, assim como as cutelarias, cujas marcas portuguesas mais conceituadas do setor estão sediadas no concelho. A indústria de curtumes mantém-se viva, ainda, em algumas empresas. A agricultura apenas está presente no norte do concelho, com pequeno peso populacional.

Artesanato

Em Guimarães há uma grande tradição na criação de artesanato. A "Cantarinha dos Namorados" é a peça símbolo de toda uma riqueza criativa que começou como actividade secundária dos criadores e hoje representa uma verdadeira indústria com representatividade patente em dezenas de empresas.

Bordados em linho, olaria, ferro forjado, ourivesaria e filigrana, cestos e mobiliário de verga, cutelaria rudimentar, cantaria e a talha são entre várias outras, algumas das atividades desenvolvidas.

A Feira de Artesanato de Guimarães, que decorre todos os anos no mês de maio, é uma importante mostra de todas estas criações, para além de nela participarem artesãos de todo o Portugal.

Tradições e festividades

Guimarães, como todo o Minho, é palco de festas populares que têm lugar principalmente no Verão. São disso exemplo o S. Pedro de Caldas das Taipas, a Romaria Grande de S. Torcato e o S. João em Polvoreira. As Festas Gualterianas, em honra de São Gualter, decorrem desde 1906 sempre no primeiro fim de semana de Agosto e são as Festas Maiores, as Festas da Cidade.

As Festas Nicolinas são as festas dos estudantes de Guimarães, celebradas em honra de São Nicolau de Mira, mas há muito envolvem toda a cidade, ano após ano, entre 29 de novembro e 7 de dezembro.

Se você tiver a oportunidade de visitar o norte de Portugal, não deixe de fazer uma visita a esta maravilhosa cidade. Você vai gostar e sentir a paz que todas as pessoas que passam por lá sentem.

Soneto dedicado a Guimarães,da autoria de Vítor Cintra

Guimarães

Aqui nasceu pequeno, mas pujante,

Um reino d' homens feitos de coragem

E que ao crescer, nobreza por linhagem,

Ousou, foi aguerrido, triunfante.

A Guimarães se vem, como em romagem,

Lembrar, de tempos idos, um Infante,

Que nunca, a qualquer rei, por humilhante,

Cedeu, nem mesmo à mãe, em vassalagem.

Daqui saiu, num tempo já distante,

Nos rumos do poente e do levante,

Qual génio perseguindo uma miragem.

E o nome - Afonso Henriques - fez gigante

Com feitos duma audácia deslumbrante,

Tornando gigantesca a sua imagem.

(Vítor Cintra, in Murmurios)

Ana Flor do Lácio (28/12/2010)

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 30/12/2010
Reeditado em 30/12/2010
Código do texto: T2699124
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