Conversa de balcão
Achava que nada mais de proveitoso ou de absurdo poderia acontecer ou ouvir naquele fim de madrugada, sim porque se ouve de tudo atrás de um balcão de um bar.
De início não, as pessoas chegam todas sempre muito educadas, centradas, arrumadas, falando e se comportando dentro da maior etiqueta que se possa imaginar, mas depois...
Seja como for, quem vai a um Pub que abre às 18h00min e fecha às 06h00min não vai sair de lá na mais perfeita ordem.
Já passavam das 03h00min da madrugada e estava ela atrás do balcão, na anti-véspera do Natal entediada e exausta para variar, depois de uma noite corrida e digamos, lucrativa, tudo o que queria mesmo, era um bom banho e se esparramar em sua grande e acolhedora cama.
Escutava muitas conversas, algumas até bem interessantes, outras nem tanto, mas aquele cara que havia entrado e se postado diante do balcão não chamou sua atenção, pois num primeiro momento pediu uma cerveja educadamente e se pôs a tomá-la apenas apreciando o movimento.
Parecia ter uns 48 anos mais ou menos, mas depois ouvi-lo dizer que tinha 36, tudo bem, se conformou com sua própria idade.
Tinha cabelos relaxadamente longos e soltos abaixo dos ombros, vestia bermuda e camiseta e nos pés chinelos.
Ok, particularmente, ela preferia homens bem vestidos, cabelos bem aparados, barba feita e com um leve toque de loção ou colônia, mas àquela hora não podia mais esperar grande coisa.
Depois da terceira cerveja chegou o amigo, ou conhecido que ele estava esperando, juntando-se a ele.
Continuaram a beber e um pouco mais tarde ela pôde ouvir o que conversavam e pasmou!
Dizem que quando os homens se juntam com certeza o assunto é mulher. E era a mais absoluta verdade.
O cabeludo dizia para o amigo o seguinte:
--Você sabe que mulher tem prazo de validade né? Tem que ter 20 a 32, no máximo 35 anos, depois disso, já era.
Mulher de 40, ninguém mais quer pegar.
E continuou:
--É cara, um homem mais maduro é pau pra qualquer obra, encara qualquer gatinha e tá inteirão, bonitão, já a mulher, só serve mesmo pra ficar em casa cuidando das tarefas domésticas.
O amigo por sua vez, apenas escutava e não concordava nem discordava, apenas ouvia.
Realmente, ela que já estava de saco cheio de aturar tantos bêbados, teve o ímpeto de dar com a garrafa na cabeça do tal senhor “Brad Pitt”, mas se conteve ao contemplar figura tão insignificante e ridiculamente machista em pleno século XXI.
Porque na verdade e pensando bem, pensou consigo mesma que com aquela bela aparência o tal não devia estar pegando nem mesmo uma simples gripe.